31 maio, 2007

glória



"O formoso consolo de encontrar
o mundo numa alma, de abraçar
a minha espécie numa criatura amiga"

f.Hölderlin

O topo do mundo é o lugar de onde se pode abraçar o mundo todo.
Por mais alto que tenhas subido,
se não consegues fazê-lo,
então não chegaste ao topo.

Experimenta sentar-te ao lado do homem mais humilde
e sentir-te lado-a-lado com ele.

Experimenta conversar com uma árvore sem te sentires ridículo.

Experimenta maravilhar-te com a liberdade dos pardais.

Experimenta ouvir aqueles que detestas.

Experimenta sentir piedade pelos déspotas.

Experimenta não exaltar a tua vitória ou o teu fracasso.

Experimenta renunciar à importância da tua opinião.

Experimenta acreditar na beleza.

Experimenta confiar na bondade.

Experimenta desconfiar das tuas crenças.

Experimenta não querer chegar a lado nenhum.

Experimenta sonhar sem limites.

Experimenta fazer alguma coisa que não sirva para nada.

Experimenta fazer alguma coisa que só servirá ao próximo.

Experimenta reparar na quantidade de próximos que não tens notado.

Experimenta considerar que tudo é sagrado.

Experimenta olhar no fundo dos teus olhos.

Experimenta comover-te contigo próprio.

Experimenta não te censurares.

Experimenta acreditar que há uma missão que só tu podes cumprir.

Experimenta ouvir o teu coração.

Experimenta obedecer-lhe.

18 maio, 2007

contágios



"A liberdade exterior que atingirmos depende do grau de liberdade interior que adquirirmos. Se é esta a justa compreensão da liberdade, o nosso esforço principal deve ser consagrado a realizar uma mudança em nós próprios."

Mahatma Gandhi


Não é primeira vez que publico estas palavras de Gandhi.
Mas acho que nunca é de mais lembrá-las.

Para mim continuam a ecoar como se estivesse a lê-las pela primeira vez. É essa a diferença entre "falar" ou "dizer". Muita gente fala, mas pouco dizem alguma coisa que crie sempre esse eco, que tenha essa força, esse poder inspirador e transformador! Ganhdi ressoa em todos aqueles que buscam a mudança e que acreditam na sua construção, com paz, respeito, reponsabilidade e sobretudo muita humildade.
Isto é, na minha opinião, um "meme".

E o que é um 'Meme'?

'Um "meme" é um "gen ou gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma. Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente é propagada pela Web, usualmente por meio de blogues. O neologismo "memes" foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo "genes".' (definição que circula com a corrente)


É esta a minha resposta-meme aos desafios lançados por voando por aí, veritas e cores da terra.

E agora cabe-me convidar outros para fazer o mesmo.
Convido o recente e muito honesto From Gardens Where We Fell Secure , o também recém-achado Barra Zen e um "velho" e talentoso amigo, o Infotocopiável.

08 maio, 2007

Denúncia

Recebi esta denúncia por e-mail, a qual reproduzo na integra.



No dia 27 de Março de 2007 foram abatidos indiscriminadamente 16 cães que estavam no Canil Municipal de Beja. O que me leva a denunciar esta triste ocorrência é um conjunto de situações que descambou neste triste fim.

Os animais errantes do concelho de Beja são capturados e levados para o canil municipal que se divide num canil exterior com cerca de 3 por 7m e um edifício comquatro levas que, por sua vez estão divididas em boxes de 80 por 80cm.

Durante meses, os animais capturados foram "empilhados" dentro do espaço exterior (provavelmente porque é mais fácil limpar um canil exterior dos quevários interiores).
Cadelas com cio misturadas com vários machos (inevitavelmente acabaram por parir ali mesmo - uma das cadelas foi morta pelos outros animais devido ao cheiro a sangue do parto recente); cachorros misturados com animais doentes.

Por várias vezes esta foi situação reportada pessoalmente no gabinete do Pelouro responsável. Foi feito envio de fotos por email mas a situação manteve-se.

Chegou ao ponto de o nº de animais dentro do canil exterior de 3 por 7m ascender a 30.O animais nem tinha espaço para mexer-se. O Cantinho dos Animais de Beja, cujo canil está alojado paredes-meia com o Canil Municipal (o terreno pertence à Autarquia) disponibilizou-se a, em conjunto com as duas associações estrangeiras (uma sueca eoutra alemã) tirar fotos dos animais e a tentar encontrar donos para os mesmos, inclusive, em detrimento dos animais da Associação, tal não era a situação precária em que se encontravam.



Isto passou-se entre 20 a 22 deste mês. Tínhamos já agendado a data para tirar fotos e fazer análises ao sangue (sem qualquer custo a imputar àCâmara!) quando, na sequência de contacto com o encarregado do Canil, o sr. informa que já não tínhamos autorização para tirar as fotos. De imediato contactou-se pessoalmente o Pelouro e foi-nos confirmada a não-autorização mas que, em alternativa, um funcionário da Câmara iria fazê-lo.

Embora a situação fosse caricata aceitou-se a decisão. O referido funcionário tirou fotos a apenas 18 animais, sem dúvida os que teriam melhor aspecto.
O fim dos outros ficou determinado a 27 de Março quando, sem pré-aviso algum, a Veterinária Municipal, fazendo-se acompanhar de um auxiliar, dirigiu-se às instalações para abater todos os seus ocupantes. O funcionário da associação, que há muitos anos conhece o procedimento de tratamento e abate da Veterinária Municipal intercedeu junto da mesma para que não continuasse, ao que foi ameaçado com a pessoa do Vereador e a Polícia.

Talvez a forma como o nosso funcionário intercedeu na matança não fosse a melhor, mas é ele quem, dia após dia, testemunha as situações, tendo por várias vezes feito tratamento a alguns animais porque a Veterinária apenas se desloca ao Canil para abater cães vadios ou para vacinar os cães em tempo estipulado pela legislação.

Por várias vezes, vários amigos do Cantinho arcaram com as despesas de eutanásias devido à ausência/incompetência da Veterinária. Ontem o método de abate que foi testemunhado foi o seguinte: a Veterinária e o auxiliar usaram luvas de aço (iguais às usadas nos talhos), colocaram açaimes nos focinhos dos cães e injectaram o produto directamente no coração provocando uma tortura atroz que nem sempre causava a morte (alguns animais ainda estavam vivos enquanto os atiravam para a pilha de cadáveres).



Além das óbvias questões de ética que se levantam, cabe-nos divulgar este tipo de acontecimento para que não se repita no futuro.
Para tal, contamos com o V. apoio para mostrar à Câmara Municipal de Beja a força das associações, agrupamentos e particulares que lutam pelos Direitos dos Animais. Por favor, enviem a V. mensagem de desagrado para geral@cm-beja.pt.
Obrigada

Como podem ter reparado, o único email que surge no site da Câmara Municipal de Beja é generalista – e não chega a existir qualquer confirmação de recepção de emails (a desculpa sempre é que existe qualquer problema com o servidor).

Assim, venho solicitar-vos, caros amigos e companheiros de luta e ideais a, mais uma vez, demonstrarem o vosso desagrado/raiva/tristeza/etc mas através de carta para a seguinte morada:

a/c Presidente da Câmara Dr. Francisco Santos
Câmara Municipal- Praça de República7800-427 Beja

ou

a/c Vereador Miguel Ramalho
Câmara Municipal- Praça de República 7800-427 Beja


Lista de endereços de e-mail de instituições e orgãos de comunicação social
onde podemos dar a conhecer a situação:

mailto:pm.gov.ptgeral@cm-beja.pt
geral@cm-beja.pt
direccao@correiomanha.pt
reportagem@correiomanha.pt
geral@correiomanha
sandralopes@correiomanha.pt
ruisantos@correiomanha.pt
raquelpinto@correiomanha.pt
ptadeu@24horas.com.pt
olga.lobo@24horas.com.pt
osverdes@mail.telepac.pt
mailto:esquerda@esquerda.net
cds-pp@cds.pt
psdbeja@iol.pt
geral@psdlisboa.org
mailto:mportal@ps.pt
Correio.Geral@ar.parlamento.pt;
mailto:mgp_psd@psd.parlamento.pt
gp_pcp@pcp.parlamento.pt
gp_pp@pp.parlamento.pt
mailto:blocoar@ar.parlamento.pt
PEV.correio@pev.parlamento.pt
pm@pm.gov.pt

02 maio, 2007

a busca




Ela estava desfeita.
Uma parte dela tinha sido morta, despedaçada.
Chorou. Chorou copiosamente.
Provou então o sabor amargo do infortúnio.
E sentiu-se tão só, tão desamparada.
A dor tinha tomado de assalto a sua vida.
Não era a primeira vez.
Sabia-se perdida. Sabia-se só.
Sofrimento. Restou um imenso sofrimento.
Carpiu a perda, carpiu a dor, carpiu o desespero.
Uma parte de si estava desfeita em pedaços.
Restava-lhe apenas uma saída: resgatar cada um deles.
Restava-lhe encontrar cada pedaço de si.
Restava-lhe resgatar a vida, toda ela, completa.
Restava-lhe restaurar a sua própria existência,

para voltar a ser inteira.
Percorreu todos os caminhos.
Perguntou a todos quantos se cruzaram com ela.
Conheceu muitas terras, muito lugares.
Passaram-se anos.
Descobriu-se, descobrindo o mundo.
Viveu muitas peripécias e tornou-se mais forte, mais hábil.
Durante o percurso ajudou desconhecidos

e foi ajudada pelos seus fiéis amigos.
Transformou os obstáculos em oportunidades.
Nunca desistiu de encontrar-se.
Bocado a bocado foi juntando as partes de si própria.
Pedaço a pedaço resgatou o que tinha sido desfeito.
Cada fragmento, cada porção de si mesma…
E aprendeu, conheceu, experimentou o caminho da busca,
do reencontro e da reunião do todo.
Venceu.
Por amor à vida, fez-se mestre,

fez-se deus, fez-se dadora da vida.
Fê-lo por amor, com amor.

Tornou-se sábia.