17 dezembro, 2007

nascer criança


José Sobral de Almada Negreiros (1893 - 1970)

Em breve o Sol há-de levantar-se e sobrepor-se à noite.
O Sol há-de nascer criança.
A terra e as suas criaturas também.
No ventre da vida germina a renovação dos seres.

Em breve hei-se nascer.
Como o sol, como as árvores, como todas as criaturas.
Vou nascer criança outra vez.
Vou aprender a falar, a andar, vou cair, vou resistir.
Vou olhar e ver o mundo pela primeira vez.
Sem passado, sem futuro, sem certezas, contemplo o desconhecido.
Aguardo e sorrio.
Hei-de nascer criança e começar de novo a grande aventura.
Foi isto que aprendi sobre o Natal e sobre o menino Jesus.
Ensinaram-me as árvores e o Sol.
Ensinou-me a Terra.
E hei-se nascer criança para continuar a aprender.

Feliz Natal a todos

Pelos direitos das crianças, assine esta petição,
uma mensagem que recebi daqui

26 novembro, 2007

O pássaro da alma



"No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que existe.
E não só sabem que existe,
como também sabem o que lá tem dentro.

Dentro da alma, lá bem no centro,
pousado numa pata, está um pássaro.
E o nome desse pássaro é o Pássaro da Alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos.

Quando alguém nos magoa,
o pássaro da alma agita-se para lá e para cá
em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.
Quando alguém nos ama,
o pássaro da alma dá pulinhos de contente,
para trás e para a frente, vai e vem.

Quando alguém nos chama,
o pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz
a fim de reconhecer que tipo de apelo é.
Quando alguém se zanga connosco,
o pássaro da alma recolhe-se
dentro de si ,tristonho e silencioso.

E quando alguém nos abraça, o pássaro da alma
que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo,
começa a crescer, crescer,
até encher quase todo o espaço dentro de nós,
tão bom para ele é o abraço.

Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca, nunca veio ao mundo alguém
que não tivesse alma.

Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
e não nos larga
- Nem uma só vez –
até ao fim da vida.

Como o ar que o homem respira
desde a hora em que nasce até à hora em que morre.
Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma.
Ah, isso é mesmo muito fácil:
É feito de gavetas e mais gavetas.

Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira,
pois cada uma delas tem uma chave para ela só!
E o pássaro da alma
é o único capaz de abrir as gavetas dele.
Como?
Pois isso também é muito simples :
Com a segunda pata.

O pássaro da alma está pousado numa pata,
e com a outra – que em descanso está dobrada sob a barriga –
roda a chave da gaveta que quer abrir,
puxa pelo puxador, e tudo o que está dentro dela
sai em liberdade para dentro do corpo.

E como tudo o que sentimos tem uma gaveta,
o pássaro da alma tem imensas gavetas.
A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.
A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.
A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.
A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego.
E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.
A gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.
E a gaveta dos segredos mais escondidos,
uma gaveta que quase nunca abrimos.
E há mais gavetas.
Vocês podem juntar todas as que quiserem.

Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro
as chaves a rodar e as gavetas a abrir.
E outras vezes é o pássaro quem decide.
Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir
a gaveta do silêncio. Mas ele, por auto-recriação,
Abre-lhe a gaveta da fala,
E ela desata a falar, a falar sem querer.
Outro exemplo: a pessoa quer escutar pacientemente
- e em vez disso ele abre-lhe a gaveta do desassossego
que faz com que ela se enerve.
E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.
E que estrague justamente quando mais quer ajudar.
Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinado
e às vezes dá-lhe trabalhos...

Agora já compreendemos que cada homem
é diferente do seu semelhante
por causa do pássaro da alma que tem dentro de si.
O pássaro que em certas manhãs abre a gaveta da alegria,
e a alegria jorra para dentro do corpo e o dono dele fica feliz.
E quando o pássaro lhe abre a gaveta da raiva,
a raiva escorre de dentro dela e domina-o totalmente.
Até que o pássaro volte a fechar a gaveta
ele não pára de se zangar.
E quando o pássaro está de mau humor
abre gavetas que dão mal-estar.
E quando o pássaro está de bom humor
escolhe gavetas que fazem bem.

E o mais importante – é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.
É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios.
Quer falar-nos dos sentimentos que estão encerrados nas gavetas dentro de nós.

Há quem o ouça muitas vezes.
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça
Uma única vez na vida.

Por isso vale a pena
talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
no fundo, lá bem no fundo do corpo."

Michal Snunit

08 outubro, 2007

"O agora"



"Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Teria menos pressa e menos medo. Daria valor secundário às coisas secundárias; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria muito mais alegre do que fui. Só na alegria existe vida. Manteria distâncias enormes das pessoas ciumentas e possessivas. Seria mais expontâneo. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Seria mais ousado: A ousadia move o mundo. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos sopa, teria menos problemas reais e nenhum imaginário. Eu fui uma dessas pessoas que vivem preocupadamente cada minuto da sua vida; claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, tentaria ter somente bons momentos. A vida é feita disso: só de momentos, nunca percas 'O agora'. Mesmo porque nada nos garante que estaremos vivos amanhã de manhã. Eu era um desses que não ia a parte alguma sem um termómetro, um saco de água quente, um guarda-chuva ou um paraquedas; se voltasse a viver viajaria mais. Não levaria comigo nada que fosse apenas um fardo. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no início da Primavera e continuaria assim até o final do Outono. Jamais experimentaria os sentimentos de culpa e ódio. Teria amado mais a liberdade e teria mais amores do que eu tive. Viveria cada dia como se fosse um prémio. E como se fosse o último. Daria mais volta na minha rua; contemplaria mais amanheceres e brincaria muito mais do que brinquei. Teria descoberto mais cedo que só o prazer nos livra da loucura. Tentaria uma coisa nova todos os dias, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas como sabem, tenho 88 anos e sei que estou morrendo."

Viver a Vida, Jorge Luis Borges

retirado daqui

04 outubro, 2007

estado da arte



A Arte de Viver em Paz e Não-Violência
Seminário de entrada gratuita, dia 14 de Outubro, aqui.

26 setembro, 2007

até quando...


Reuters


Associated Press


Agence France-Presse — Getty Imag

... isto vai continuar a acontecer?

Quem quiser pode dar o seu contributo aqui, assinando a petição de apoio aos monges birmaneses.

24 setembro, 2007

escuto


"Não podemos ser felizes se preferirmos as ilusões à realidade. A realidade não é boa nem má. As coisas são como são e não como preferíamos que fossem. Compreendê-lo e aceitá-lo é uma das chaves da felicidade"
Dalai Lama

20 julho, 2007

Imaginação com Valor

e o valor da imaginação



Do schools today kill creativity? (Ken Robinson, TEDTalks)

O sistema de ensino actual está a matar a criatividade?

via o último metro que chegou à última estação... desejo-te novas boas viagens!

17 julho, 2007

integração

Porque...


Imagem captada na Cova da Moura, Lisboa


09 julho, 2007

A Evolução da Forma



A evolução da forma

Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permanece o original.

As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos
dois se detém?

A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti,
para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo; um punhado de pó
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
e que tua gota se torne o mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre Um; com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.

Jalal ud-Din Rumi
Poeta e místico sufi do século XIII
(Poemas Místicos, Ed. Attar, 1996)

12 junho, 2007

ciclo do tempo



Só germina a semente que se entregou à terra.
Germina porque se entregou.
Morreu como semente.
Renasceu planta.
Fez-se alimento.
Fez-se nova semente.
Viveu com desapego todas as formas.
Cumpriu-se.
Uma e outra vez voltará a entregar-se.

31 maio, 2007

glória



"O formoso consolo de encontrar
o mundo numa alma, de abraçar
a minha espécie numa criatura amiga"

f.Hölderlin

O topo do mundo é o lugar de onde se pode abraçar o mundo todo.
Por mais alto que tenhas subido,
se não consegues fazê-lo,
então não chegaste ao topo.

Experimenta sentar-te ao lado do homem mais humilde
e sentir-te lado-a-lado com ele.

Experimenta conversar com uma árvore sem te sentires ridículo.

Experimenta maravilhar-te com a liberdade dos pardais.

Experimenta ouvir aqueles que detestas.

Experimenta sentir piedade pelos déspotas.

Experimenta não exaltar a tua vitória ou o teu fracasso.

Experimenta renunciar à importância da tua opinião.

Experimenta acreditar na beleza.

Experimenta confiar na bondade.

Experimenta desconfiar das tuas crenças.

Experimenta não querer chegar a lado nenhum.

Experimenta sonhar sem limites.

Experimenta fazer alguma coisa que não sirva para nada.

Experimenta fazer alguma coisa que só servirá ao próximo.

Experimenta reparar na quantidade de próximos que não tens notado.

Experimenta considerar que tudo é sagrado.

Experimenta olhar no fundo dos teus olhos.

Experimenta comover-te contigo próprio.

Experimenta não te censurares.

Experimenta acreditar que há uma missão que só tu podes cumprir.

Experimenta ouvir o teu coração.

Experimenta obedecer-lhe.

18 maio, 2007

contágios



"A liberdade exterior que atingirmos depende do grau de liberdade interior que adquirirmos. Se é esta a justa compreensão da liberdade, o nosso esforço principal deve ser consagrado a realizar uma mudança em nós próprios."

Mahatma Gandhi


Não é primeira vez que publico estas palavras de Gandhi.
Mas acho que nunca é de mais lembrá-las.

Para mim continuam a ecoar como se estivesse a lê-las pela primeira vez. É essa a diferença entre "falar" ou "dizer". Muita gente fala, mas pouco dizem alguma coisa que crie sempre esse eco, que tenha essa força, esse poder inspirador e transformador! Ganhdi ressoa em todos aqueles que buscam a mudança e que acreditam na sua construção, com paz, respeito, reponsabilidade e sobretudo muita humildade.
Isto é, na minha opinião, um "meme".

E o que é um 'Meme'?

'Um "meme" é um "gen ou gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma. Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente é propagada pela Web, usualmente por meio de blogues. O neologismo "memes" foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo "genes".' (definição que circula com a corrente)


É esta a minha resposta-meme aos desafios lançados por voando por aí, veritas e cores da terra.

E agora cabe-me convidar outros para fazer o mesmo.
Convido o recente e muito honesto From Gardens Where We Fell Secure , o também recém-achado Barra Zen e um "velho" e talentoso amigo, o Infotocopiável.

08 maio, 2007

Denúncia

Recebi esta denúncia por e-mail, a qual reproduzo na integra.



No dia 27 de Março de 2007 foram abatidos indiscriminadamente 16 cães que estavam no Canil Municipal de Beja. O que me leva a denunciar esta triste ocorrência é um conjunto de situações que descambou neste triste fim.

Os animais errantes do concelho de Beja são capturados e levados para o canil municipal que se divide num canil exterior com cerca de 3 por 7m e um edifício comquatro levas que, por sua vez estão divididas em boxes de 80 por 80cm.

Durante meses, os animais capturados foram "empilhados" dentro do espaço exterior (provavelmente porque é mais fácil limpar um canil exterior dos quevários interiores).
Cadelas com cio misturadas com vários machos (inevitavelmente acabaram por parir ali mesmo - uma das cadelas foi morta pelos outros animais devido ao cheiro a sangue do parto recente); cachorros misturados com animais doentes.

Por várias vezes esta foi situação reportada pessoalmente no gabinete do Pelouro responsável. Foi feito envio de fotos por email mas a situação manteve-se.

Chegou ao ponto de o nº de animais dentro do canil exterior de 3 por 7m ascender a 30.O animais nem tinha espaço para mexer-se. O Cantinho dos Animais de Beja, cujo canil está alojado paredes-meia com o Canil Municipal (o terreno pertence à Autarquia) disponibilizou-se a, em conjunto com as duas associações estrangeiras (uma sueca eoutra alemã) tirar fotos dos animais e a tentar encontrar donos para os mesmos, inclusive, em detrimento dos animais da Associação, tal não era a situação precária em que se encontravam.



Isto passou-se entre 20 a 22 deste mês. Tínhamos já agendado a data para tirar fotos e fazer análises ao sangue (sem qualquer custo a imputar àCâmara!) quando, na sequência de contacto com o encarregado do Canil, o sr. informa que já não tínhamos autorização para tirar as fotos. De imediato contactou-se pessoalmente o Pelouro e foi-nos confirmada a não-autorização mas que, em alternativa, um funcionário da Câmara iria fazê-lo.

Embora a situação fosse caricata aceitou-se a decisão. O referido funcionário tirou fotos a apenas 18 animais, sem dúvida os que teriam melhor aspecto.
O fim dos outros ficou determinado a 27 de Março quando, sem pré-aviso algum, a Veterinária Municipal, fazendo-se acompanhar de um auxiliar, dirigiu-se às instalações para abater todos os seus ocupantes. O funcionário da associação, que há muitos anos conhece o procedimento de tratamento e abate da Veterinária Municipal intercedeu junto da mesma para que não continuasse, ao que foi ameaçado com a pessoa do Vereador e a Polícia.

Talvez a forma como o nosso funcionário intercedeu na matança não fosse a melhor, mas é ele quem, dia após dia, testemunha as situações, tendo por várias vezes feito tratamento a alguns animais porque a Veterinária apenas se desloca ao Canil para abater cães vadios ou para vacinar os cães em tempo estipulado pela legislação.

Por várias vezes, vários amigos do Cantinho arcaram com as despesas de eutanásias devido à ausência/incompetência da Veterinária. Ontem o método de abate que foi testemunhado foi o seguinte: a Veterinária e o auxiliar usaram luvas de aço (iguais às usadas nos talhos), colocaram açaimes nos focinhos dos cães e injectaram o produto directamente no coração provocando uma tortura atroz que nem sempre causava a morte (alguns animais ainda estavam vivos enquanto os atiravam para a pilha de cadáveres).



Além das óbvias questões de ética que se levantam, cabe-nos divulgar este tipo de acontecimento para que não se repita no futuro.
Para tal, contamos com o V. apoio para mostrar à Câmara Municipal de Beja a força das associações, agrupamentos e particulares que lutam pelos Direitos dos Animais. Por favor, enviem a V. mensagem de desagrado para geral@cm-beja.pt.
Obrigada

Como podem ter reparado, o único email que surge no site da Câmara Municipal de Beja é generalista – e não chega a existir qualquer confirmação de recepção de emails (a desculpa sempre é que existe qualquer problema com o servidor).

Assim, venho solicitar-vos, caros amigos e companheiros de luta e ideais a, mais uma vez, demonstrarem o vosso desagrado/raiva/tristeza/etc mas através de carta para a seguinte morada:

a/c Presidente da Câmara Dr. Francisco Santos
Câmara Municipal- Praça de República7800-427 Beja

ou

a/c Vereador Miguel Ramalho
Câmara Municipal- Praça de República 7800-427 Beja


Lista de endereços de e-mail de instituições e orgãos de comunicação social
onde podemos dar a conhecer a situação:

mailto:pm.gov.ptgeral@cm-beja.pt
geral@cm-beja.pt
direccao@correiomanha.pt
reportagem@correiomanha.pt
geral@correiomanha
sandralopes@correiomanha.pt
ruisantos@correiomanha.pt
raquelpinto@correiomanha.pt
ptadeu@24horas.com.pt
olga.lobo@24horas.com.pt
osverdes@mail.telepac.pt
mailto:esquerda@esquerda.net
cds-pp@cds.pt
psdbeja@iol.pt
geral@psdlisboa.org
mailto:mportal@ps.pt
Correio.Geral@ar.parlamento.pt;
mailto:mgp_psd@psd.parlamento.pt
gp_pcp@pcp.parlamento.pt
gp_pp@pp.parlamento.pt
mailto:blocoar@ar.parlamento.pt
PEV.correio@pev.parlamento.pt
pm@pm.gov.pt

02 maio, 2007

a busca




Ela estava desfeita.
Uma parte dela tinha sido morta, despedaçada.
Chorou. Chorou copiosamente.
Provou então o sabor amargo do infortúnio.
E sentiu-se tão só, tão desamparada.
A dor tinha tomado de assalto a sua vida.
Não era a primeira vez.
Sabia-se perdida. Sabia-se só.
Sofrimento. Restou um imenso sofrimento.
Carpiu a perda, carpiu a dor, carpiu o desespero.
Uma parte de si estava desfeita em pedaços.
Restava-lhe apenas uma saída: resgatar cada um deles.
Restava-lhe encontrar cada pedaço de si.
Restava-lhe resgatar a vida, toda ela, completa.
Restava-lhe restaurar a sua própria existência,

para voltar a ser inteira.
Percorreu todos os caminhos.
Perguntou a todos quantos se cruzaram com ela.
Conheceu muitas terras, muito lugares.
Passaram-se anos.
Descobriu-se, descobrindo o mundo.
Viveu muitas peripécias e tornou-se mais forte, mais hábil.
Durante o percurso ajudou desconhecidos

e foi ajudada pelos seus fiéis amigos.
Transformou os obstáculos em oportunidades.
Nunca desistiu de encontrar-se.
Bocado a bocado foi juntando as partes de si própria.
Pedaço a pedaço resgatou o que tinha sido desfeito.
Cada fragmento, cada porção de si mesma…
E aprendeu, conheceu, experimentou o caminho da busca,
do reencontro e da reunião do todo.
Venceu.
Por amor à vida, fez-se mestre,

fez-se deus, fez-se dadora da vida.
Fê-lo por amor, com amor.

Tornou-se sábia.

30 abril, 2007

o que me faz pensar


Porque é que Deus fez os Homens?
Porque deve ser muito chato jantar sozinho.

A nossa presença, admitamos, é "fútil". O universo, a terra, a vida existem e continuarão a existir quer estejamos cá, quer não (talvez até melhor sem nós).

Mas não haverá universo, nem terra, nem vida se não houver testemunhas, se não houver observadores, se não houver nem que seja uma única consciência-consciente daquilo que é.

Se todos os olhos se fechassem hoje, todo o universo mergulharia na escuridão.

Deve ser muito chato jantar sozinho?!

Sim, deve ser muito chato preparar um belíssimo banquete e depois saboreá-lo sozinho. Deve ser muito chato criar saborosos manjares e não ter a quem passar essa sabedoria. Deve ser chato sim.

Certamente Deus não fez o universo para nós. Mas com certeza fez-nos para que pudessemos testemunhar a Obra. Deu-nos a Consciência para pensá-la, para inquiri-la, para discuti-la, para recriá-la e, inclusive, para a negarmos ou destruirmos, se quisermos.

Deus sentou-nos à mesa e deixou-nos à vontade para gostar ou detestar.

Ontem, ao jantar, a propósito da refeição e do quanto o meu filho detesta peixe, eu dizia o que dizem todos os pais e que aos filhos pouco interessa: "Há meninos que não têm nada para comer..."

Então ele interpelou-me. "Mas se Deus é bom , então porque não faz com que todos tenham tudo?", perguntou.
Respondi-lhe que se Deus fizesse isso estaria a escolher por nós o que é bom e o que é mau (para nós). Que deus fez-nos livres para escolher que rumo queremos dar à vida, à de cada um e de todos nós.
O Observatório voltou a nomear o Soukha, enquanto blog que faz pensar.
Aproveito para dizer que é bom, que seria muito chato pensar sozinha!
Os blogs que me fazem pensar estão, como já disse, na lista de links, aqui ao lado.
Há mais com certeza. Muitos.
Deixo 5 links para alguns, recentes (para mim), com os quais também faço a minha refeição:







aviso à navegação: se me voltarem a nomear, faço como uma marca de detergente para a máquina da loiça e lanço o prémio "tudo em um"...

27 abril, 2007

É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe



Este post tem um título extenso. É uma frase da autoria de Epíteto, o filósofo grego. Escolhi este título para explicar este post.
Este blog nasceu à força. A primeira vez que escrevi estava corada de vergonha, de temor. Já passou mais de um ano. Tanto e tão pouco. Ao longo do tempo fiz amigos, troquei ideias e aprendi muito.

Entretanto, a Greentea distinguiu-me no blog dela a pretexto disto e disto


Tal implica que eu faça as minhas próprias nomeações.
Seja concurso ou não, aqueles que distingo são aqueles que contribuiram para a minha presença neste espaço... aqueles que directa ou indirectamente me instigaram a pensar o que escrevo e a escrever o que penso.
Talvez não seja esse o objectivo deste "concurso", mas esta é a minha escolha.

O último metro

Gato lunar

Fases da Lua Cheia

Cores da terra

Bettips

Vou quebrar mais uma vez a regra e distinguir mais um blog.
Este: Bailado das borboletas



Termino como comecei, com um filósofo grego
"Só é útil o conhecimento que nos torna melhores"
Sócrates

26 abril, 2007

desafio


foto retirada daqui
Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.

Madre Teresa de Calcutá

10 abril, 2007

grandeza



Estamos todos dentro. Ninguém pode ser excluído. Ninguém está "fora".
O tamanho do umbigo é tanto maior quanto mais nos focalizamos nele.

Á distância, através de um olhar amplo que integra tudo e todos, somos apenas irmãos, semelhantes, parceiros nesta aventura. Para alguns é pouco...
Mas somos tanto maiores quanto mais podemos abraçar, acolher, aceitar e incluir.
A nossa grandeza começa quando reconhecemos que somos uma pequena parte do todo, que além de nos incluir a nós, inclui todos - tudo e todos! Apenas isso, tudo isso!

Einstein tentou desenvolver a famosa Teoria de Tudo. Deixou-nos a sua convicção. link

Basta alargar o perímetro de visão e compreender a existência para além do nosso próprio umbigo, da ilusão da diferença e das formas. Quando percebemos isto, o mundo passa a ser um grande espelho de nós próprios e nós dele - a demonstração do estado da nossa grandeza ou pequenez, e do caminho que temos que percorrer para diluir os obstáculos que barram a nossa visão. O mundo que compreendemos é o retorno do nosso campo de visão - do quanto alcançamos, e também do quanto ainda rejeitamos ou ainda não integrámos.

Quanto mundo incluiste dentro de ti?
De quanto mundo, sentes, fazes parte?

obrigada avusa

09 abril, 2007

02 abril, 2007

mestra em orientação


- Amiga, estou perdida, para que lado é o caminho de casa?
- Antes de mais, levanta a cabeça e olha para cima. Vês o sol?

26 março, 2007

Estou sentada à beira do mundo

Não acredito em deus, nem em deuses, experimento-os.



"Sejamos claros: estou sentado à beira do mundo, cercado de enigmas. Tenho medo e, ao mesmo tempo sinto-me fascinado. Faço preces ao meu deus favorito. Não creio nos deuses dos exegetas. Não aceito as teorias dos especialistas. Espero o instante favorável e analiso os indícios. O mundo é um livro aberto. A esfinge devora os timoratos. O silêncio instala-se. Recolhimento, meditação - meditação. Uma chuva de meteoros por cima da minha cabeça. Rezo a Trimegisto. Construo o meu laboratório para trabalhar e rezar mais. Osíris-Saturno passa de negro a verde. As zonas mais subtis podem destapar-se. Integro todos os meus poderes e lanço-me à reconsquista da Esfinge serena."
René Lachaud


"O que não experimentou sabe pouco. O que experimentou crê na sabedoria. Deixa o sábio aprender mais"
Zózimo de Panopólis (sec. IV d.C)



"Estou sentado à beira do mundo"
Ramsés II, ainda criança

(Ramsés II reinou aproximadamente entre 1270 e 1213 a.C)

21 março, 2007

sumo de sol



As árvores têm as copas fincadas no céu
E bebem luz



São filiais do Sol
Oficinas de cor



Mestres do silêncio
E sábias fazedoras de amor

Brotam sumo de sol


fotos daqui

19 março, 2007

recado



Acredito que a vida se dá ao trabalho de nos chamar a atenção permanentemente! Acredito em sintonia, em sinais e mensagens! Encontrei esta porta por acaso... não resisti, e fotografei-a também com a câmara! É mais do que uma porta... é a Porta!

14 março, 2007

actualidades



“O verdadeiro poeta compreende a natureza melhor do que o cientista.”

Friedrich von Hardenberg (1772-1801), mais conhecido sob o nome de Novalis, foi um dos incomparáveis representantes do Romantismo alemão. Proveniente do pré-romantismo da escola de Iena, esta corrente de pensamento, espiritual e social, surgiu no fim do século XVIII e exerce, ainda nos dias atuais, uma importante influência cultural.A Flor Azul, frequentemente evocada, é o seu símbolo. É preciso saber que essa flor é emprestada do simbolismo alquímico, e que a vida e a obra de Novalis foram profundamente inspiradas pela sabedoria hermética.



"Sonhamos em viajar através do universo. Pois o universo não está em nós? As profundezas de nosso espírito nos são desconhecidas. A via secreta conduz ao interior. Em nós, e em nenhum outro lugar, está a eternidade com seus mundos, o passado e o futuro."
"Bem-aventurado aquele que se tornou sábio que já não especula sobre o mundo e busca em si mesmo a Pedra da Sabedoria eterna. Somente o sapiente é digno de ser adepto – ele transmuta tudo em vida e ouro, sem precisar de elixires. A retorta sagrada nele exala – o rei presente nele está – Délfos também; e finalmente ele compreende: "Conhece-te a ti mesmo". Novalis

"O homem sapiente (isto é, que sabe) tornou-se, ele mesmo, a retorta alquímica. Novalis mostra que os processos alquímicos são estágios do autoconhecimento, processos de depuração e purificação no interior da alma".
Roder, F., Novalis, Die Verwandlung des Menschen

"É falta de génio e de perspicácia separarem-se as ciências umas das outras. Nós devemos as maiores verdades de hoje às combinações entre os elementos, até agora separados, da ciência total".
Novalis

É tempo de ligar todas as partes! É tempo de integrar Tudo. Estamos finalmente em condições de fazê-lo, não num organismo plano que dilui as diferenças, mas neste grande organismo que é a Humanidade e neste superorganismo que é a Terra. As partes inteiras que constituem áreas de conhecimentos aparentemente diferentes, podem finalmente estender-se, indo além de si mesmas... e incluir outras de modo a integrar Tudo. O corpo é Um só! Do micro para o macro e do macro para o micro, não há nada de novo debaixo deste Céu! O conhecimento é Um.

07 março, 2007

cultura de paz

Dossier Educação pelo Desenvolvimento, Ambiente, Paz e Não Violência
Mobilização Mundial pela Paz em 17 Março 2007
No dia 17 de Março vai realizar-se em vários pontos do mundo uma mobilização pela paz e pela não violência. Em todos os casos, os participantes desenharão numa praça um símbolo humano alusivo à paz e à não-violência e farão um pedido público pelo desarmamento nuclear mundial. No Porto, esta mobilização será realizada na Praça D. João I às 17h30. No mapa do
Movimento Humanista estão assinaladas as cidades onde o evento vai ter lugar a nível mundial.
Mais informações em Bioterra

06 março, 2007

palavras encantadas

Lição da borboleta

Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo.
Um homem, sentado, observava a borboleta enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno orifício.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, não conseguiria ir além.
Então, o homem decidiu ajudar a borboleta.
Pegou numa tesoura e cortou o casulo.
A borboleta conseguiu sair facilmente, mas o seu corpo estava murcho, pequeno e tinha as asas amassadas.
O homem continuou a observar a borboleta, esperando que a qualquer momento a asas se abrissem e esticassem, e fosse então capaz de suportar o corpo e firmar-se a tempo.
Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto da vida a rastejar com o corpo murcho e as asas encolhidas. Nunca foi capaz de voar.
O homem não compreendeu, na sua gentileza e vontade de ajudar, que o casulo apertado era necessário. A borboleta teria de passar através da pequena abertura, pois esse era o modo de Deus fazer com que o fluido do corpo da borboleta fosse para asas. Essa era a forma a prepará-la para voar, uma vez liberta do casulo.

Algumas vezes o esforço é justamente o que precisamos na nossa vida.
Se Deus nos permitisse passar através das nossas vidas sem quaisquer obstáculos,
Ele nos deixaria aleijados. Não sairíamos tão fortes como poderíamos ter sido.
Nós nunca poderíamos voar.
Eu pedi Força... e Deus deu-me Dificuldades para me fazer forte

Eu pedi Sabedoria .... e Deus deu-me Problemas para resolver

Eu pedi Prosperidade...e Deus deu-me Cérebro e Músculos para trabalhar

Eu pedi Coragem... e Deus deu-me Pessoas com problemas para ajudar

Eu pedi Favores ... e Deus deu-me Oportunidades

Eu não recebi nada do que pedi...

Mas recebi tudo o que precisava.
Retirado daqui, um lugar cheio de histórias para ouvir e contar

28 fevereiro, 2007

de carne e osso














Somos de carne e osso e não há nenhuma experiência que possamos viver excluíndo ou negando o nosso corpo.
Não há experiências "fora" do corpo, ainda que para além dele.

Somos corpo, mente, alma e espírito.
A mente vai além do corpo e inclui-o. A
alma vai além do corpo e da mente e inclui ambos. O espírito vai além de tudo e inclui tudo. Mas nunca, em caso algum, o corpo é excluído dos domínios que vão para além dele. Cada experiência, seja ela qual for inclui o corpo. Desde a sensibilidade mais ténue à experiência mais sublime é no corpo que a experimentamos. É aí que a recebemos e nos damos conta dela - nos nossos nervos, no bater do coração, no sabor que impregna o olhar, no cheiro dos outros, nos gestos, nos pensamentos, ideias, nas obras que fazemos em silêncio ou moldadas pelas nossas próprias maõs. O nosso corpo é a primeira obra que devemos admirar e é ligado a ele que podemos ascender a todos os domínios que o ultrapassam.


Sublimar o corpo, não é mesmo que valorizar a imagem. O nosso corpo é maravilhoso, independentemente da forma.

Apesar das dores, apesar das aparências, apesar das limitações, o corpo é o nosso primeiro instrumento e o grande templo de todos os nossos sentidos, sentimentos, ideias, vislumbres e sonhos.
Berço e abrigo daquilo que somos, aqui e agora, o nosso corpo de carne e osso é lindo!

26 fevereiro, 2007

Impermanência


Quem tem as mãos cheias,
não consegue aceitar novos presentes

A vida é feita de impermanências:
Coisas, pessoas, ideias, crenças, metas, sentimentos, projectos, prioridades, estados de espírito, status, condição financeira, aspecto físico...

Tudo muda...
Mas uma coisa é movimento, outra é agitação.
O movimento é como a eterna dança das estações - a alternância, a renovação, a mudança natural e criativa.

A agitação resulta do apego e resistência à mudança, da não aceitação da impermanência e da luta constante para prender, agarrar o que (tantas vezes) tem de ir, o que não serve, o que está obsotelo, o que se esgotou.

O apego às coisas impermanentes entope a entrada ao novo, à mudança.
O desapego abre espaço para a renovação, para a imaginação, para a criatividade. Assim como a Terra explode de vida em cada Primavera, assim aquele que viveu um Inverno interior, com aceitação e liberdade, desabrochará renovado, pronto para uma nova jornada.

Aceitar a impermanência das coisas é cultivar uma serenidade inabalável.
A paz interior, o bem-estar e a felicidade não dependem daquilo que temos e queremos conservar, mas daquilo que somos, de quem somos. A alegria está em nós e não nas coisas que possuímos.



"No budismo, o termo soukha designa um estado de bem-estar que nasce de um espírito excepcionalmente são e sereno. É uma qualidade que contém e impregna cada experiência, cada comportamento, que abrange todas as alegrias e todas as penas. Uma tão profunda felicidade que “nada poderia alterar, como as grandes águas calmas sobre a tempestade”. É também um estado de sabedoria, livre de venenos mentais e de conhecimento, livre de cegueira sobre a verdadeira natureza das coisas".
in Em Defesa da Felicidade, Matthieu Ricard; Pergaminho

Post em sintonia com Just a feeling, Dias de Sol e Chuva e What moves me

23 fevereiro, 2007

milagre da multiplicação




Partilhar é multiplicar.
Dar sem apego, sem expectativas.

in Bailado das Borboletas

21 fevereiro, 2007

o amor cura


Ode to Kimpt de Danny MacBride
A tua dor e a tua ferida
não são a mesma coisa.
Cuida da tua ferida.
(segue-lhe o rasto, aproxima-te, observa-a, conhece-a profundamante, sem julgamentos, com ternura)
E deixarás de sentir dor.

19 fevereiro, 2007

outro carnaval



Cada rosto é uma máscara.
Cada forma é uma máscara.
Para além da forma, para além dos rostos

(e máscaras) reside o genuíno,
o incorruptível e eterno.
A máscara da forma (de cada forma)

coloca-nos no palco da vida...
Dancemos a dança da liberdade!

16 fevereiro, 2007

marcas



"Quando eu estiver contigo no fim do dia,
poderás ver as minhas cicatrizes,
e então saberás que eu me feri
e também me curei"
Tagore

13 fevereiro, 2007

cartas de amor



Embora o Tarot seja conhecido como um jogo de adivinhação, o seu signficado e origem apontam para um sentido muito mais profundo e interessante.

O Tarot desenha o caminho. É um código que esconde e revela as peripécias e etapas daquele que busca encontrar-se a si próprio e elevar-se através da experiência da vida. Foi um dos instrumentos desenvolvido pelos antigos alquimistas. Trabalharam em segredo e mantiveram cifrado o processo alquímico, também assim, nas ilustrações que compõem os Arcanos Maiores.
A alquimia, difundida tanto no Ocidente, quanto no Oriente, deve a sua expansão, julga-se, a Hermes Trimegisto, o sábio egípcio, cujo nome significa "Três vezes o grande" e que remete, à primeira vista, para Hermes, deus grego da sabedoria e mensageiro dos deuses. Mas o nome Hermes tem sede no Egipto, onde o deus que representava esse arquétipo era Thot, o escriba divino, inventor dos hieróglifos (a escrita divina, mensagem dos deuses) e deus da sabedoria universal, detentor dos segredos do universo. Hermes Trimegisto revelou os segredos da alquimia, sem no entanto expôr, de facto, os segredos da Arte.

O termo alquimia, julga-se, deriva da palavra Kémia, cujo significado remete para as terras negras e férteis do antigo Egipto, e para a expressão "abertura do coração", pois o caminho e processo alquímico é isso mesmo: abrir o coração, penetrar nas profundezas da matéria, trabalhá-la, sujeitá-la às mais duras transformações para, no fim, extrair dela o mais puro e sublime dos valores: o ouro.
O Tarot conta essa aventura passo a passo, o percurso do homem que busca em si mesmo o ouro interior - a sua imortalidade, a sua riqueza, pureza e brilho mais puros.
As cartas são mensagens fechadas, hermeticamente fechadas. São símbolos que só se abrem àqueles que procuram genuinamente. Desde sempre e ainda hoje continuam protegidas do olhar impuro - do olhar que não vê com pureza.
As cartas do Tarot são verdadeiras cartas de amor, desenhos que inspiram a busca e instigam a alma a percorrer e decifrar os segredos e mistérios da existência.

Entretanto, muitos e novos jogos de Tarot têm sido criados e recriados.
A filosofia é a mesma.
Recebi hoje uma prenda de Sol de Domingo - cartas de amor, como lhe chamo.
São muito bonitas e inspiradoras. Obrigada.

08 fevereiro, 2007

contribuição pública


foto

Nenhum rio faz retenção na Fonte

07 fevereiro, 2007

episódio do nascimento do mundo


foto

Quando as árvores acasalam e fazem amor,
Nascem filhos de vários sabores.

Às vezes até nascem crianças.

Quando as árvores namoram,
Perfumam os sonhos nos ventres das mulheres.
Então, há mulheres que dão à luz rebentos de sol e seiva.
Noutras ocasiões nascem árvores com braços e coração.

Contaram-me de um caso em que nasceram gémeos
A Terra e a Mulher pariram de uma só vez
árvores-e-meninos-irmãos-verdadeiros.
Foi no princípio do Mundo.

Há tantas histórias de irmãos que não se conhecem,
de irmãos separados…
São histórias tristes, tão tristes.


Acho que no dia em que se abraçarem de novo
vão chorar muito,
por causa da saudade e da alegria
.
Há-de ser um dia de grande alívio.
Será no princípio do Mundo.

23 janeiro, 2007

resistir


ilustração

"Peço-vos que nos detenhamos a pensar na grandeza a que ainda podemos aspirar se nos atrevermos a valorizar a vida de outra maneira. Peço-vos essa coragem que nos situa na verdadeira dimensão do homem."
Ernesto Sabato

"A capacidade criativa está presente em todos os homens, em diferentes graus, não necessariamente como uma actividade superior ou exclusiva. Quanto nos podem ensinar os povos antigos onde, para além das desditas ou dos infortúnios, se reuniam para cantar e dançar! A arte é um dom que cura a alma dos fracassos e dos dissabores. Anima-nos a cumprir a utopia a que fomos destinados."

Excerto da obra de Ernesto Sabato, Resistir

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(a imagem diz tudo o que me apetece dizer... embora não me apeteça falar)

22 janeiro, 2007

árvore


foto

Mesmo sozinha ela permanece fiel a si própria.
Quieta, tranquila... ela é.
Sem manifestos, ela persiste, tão sábia.


"Todas as árvores apaziguam o espírito..."
in Dias com Árvores

16 janeiro, 2007

delicadamente




gentilmente...
renascer, como quem acorda devagarinho...