27 fevereiro, 2006
utopias
e outros reinos interiores e exteriores
Martin Luther King Jr.
"Eu tenho um sonho", Março de 1963 frente ao Memorial Lincoln em Washington, durante a chamada "marcha pelo emprego e pela liberdade"
Eles tiveram um sonho
Gandhi sonhou uma Índia independente!
Mary Wollstonecraft sonhou o direito de voto das mulheres!
"A utopia é só o que ainda não chegou. A ida do homem à lua, antes de sê-lo foi a utopia. A liberdade dos escravos negros, antes de sê-lo foi a utopia; o direito de voto das mulheres antes de sê-lo foi a utopia! A utopia é só o que ainda não chegou!", dizia-me uma amiga outro dia. Concordo.
Estes sonhos só foram utópicos antes de se concretizarem e só foram realmente utopias para os cépticos!
Nenhum destes "sonhadores" pensou que poderia mudar o mundo inteiro! Não creio! Acredito que o seu sonho fosse mudar o seu mundo - o seu próprio mundo, aquele que poderiam alcançar com a sua intervenção!
Antes de mais sonharam, mudaram as suas próprias vidas e criaram o seu próprio mundo novo!
Ter um sonho é tão bom! É tão importante!
Não é preciso pensar em mudar o mundo inteiro, basta mudar o nosso, por dentro e por fora! De dentro para fora! O mundo é feito de mundos pequeninos! Cada um de nós é um mundo, onde podemos mudar, criar, realizar tantos, tantos sonhos!
Bons sonhos a todos!
23 fevereiro, 2006
PIB? Não!!!! FIB.
Há pouco mais de meia dúzia de anos, o rei de um reino pequenino e longínquo espantou o mundo numa grande e importante conferência internacional.
Enquanto os “grandes” falavam de Produto Interno Bruto, o rei do Butão apresentou o programa de governo do seu país, enquanto política nacional oficial, praticada no seu pequeno reino, escondido entre os Himalaias. A política do Butão foi apresentada sem qualquer melindre, afinal aquele povo sabe o que quer e não brinca com coisas sérias.
O nome desse programa de governo chama-se:
Felicidade Interna Bruta.
É esse o objectivo daquele governo. Alicerçado numa visão holística do ser humano, visa criar, promover e defender a felicidade dos seus cidadãos. A fonte desta política assenta no budismo, o qual compreende o ser humano em todas as suas dimensões. Daí que todas elas tenham de ser contempladas, favorecidas e estimadas quando, na prática, se investe na riqueza, bem estar e desenvolvimento de um país. E, todas estas palavras têm uma significado profundo, com carne e osso no budismo.
As pessoas não são números, contribuintes, utentes, clientes, etc. A nossa saúde mede-se, por exemplo, pelo número de hospitais, atendimentos ou camas disponíveis nas enfermarias. Mas, saúde é muito mais que isso, é também paz! É saúde dentro de um corpo, que é também uma mente, uma alma e um espírito. Alguém, aqui em Portugal, sente a sua alma, o seu coração, os seus sentimentos reconhecidos, cuidados, contemplados quando é entregue a um médico ou uma enfermeira. Por cá, um corpo deitado numa maca, é uma doença deitada numa maca. Não é um ser humano completo, com corpo, mente, coração e alma. É uma doença, um número na lista, à espera de ser chamado.
Enquanto o resto do mundo mede a felicidade (aliás, nem nos atrevemos a usar essa palavra “pirosa”) em estatísticas que contabilizam o números de bens (electrodomésticos e parque automóvel, por exemplo) que cada cidadão possui, no Butão, a riqueza, qualidade de vida e progresso inclui a preservação das florestas sagradas ou da água pura nos rios – estes são considerados factores determinantes para a felicidade das pessoas.
Trata-se de um pequeno país, com pouco mais de 2 milhões de habitantes, sobretudo rural e de agricultura de subsistência. A sua cultura é milenar, com tradições riquíssimas, às quais os modernos estrangeiros podem assistir se estiverem dispostos a pagar um fortuna, isto só para obterem autorização para entrar no país. O preço do turismo no Butão disparou desde que a população se queixou directamente ao rei (o rei recebe e resolve efectivamente os problemas do seu povo) do incómodo e mal-estar provocado pelos turistas: queixaram-se que a presença desses “estranhos” estava a perturbar os espíritos das suas florestas sagradas. O rei, empenhado em fazer o seu povo feliz, tratou de encontrar uma forma de protegê-lo do turismo invasivo. Assim, mesmo com eventuais prejuízos decorrentes de uma quebra na taxa de turismo, foi inflacionado o preço para visitar o Butão. Menos turismo, menos turistas, não pesou na balança das decisões governamentais. Ali, a felicidade conta. Aliás, ali a felicidade é que conta! Esse é o bem mais precioso.
Bandeira do Butão
O Reino do Dragão
Um lugar e uma lição de sabedoria, "simples" e despojada, que nos deveria fazer reflectir sobre as nossas verdadeiras prioridades
A riqueza de certos países, como o nosso, mede-se por cálculos, ganhos e gastos, taxas de inflação... Mede-se pelos bens materiais que as pessoas possuem; mede-se por quanto temos, o que estamos a comprar, quanto estamos a ganhar e a gastar. E, a qualidade de vida das pessoas resume-se a isto!
E a alegria, e o prazer de viver? E a paz interior? E o ar que respiramos? E as nossas florestas? E a nossa esperança? E a nossa auto-estima? E o amor?
mais aqui:
http://www.bhutanstudies.org.bt/publications/gnh/gnh.htm
http://www.kingdomofbhutan.com/
http://www.grossinternationalhappiness.org/
22 fevereiro, 2006
sem máscara
Dalai Lama
A máscara
A simbologia da máscara existe desde os primórdios da humanidade. Associada à experiência espiritual e ritualística, permitia ao seu utilizador enfrentar, encarar ou assumir uma determinada força ou poder.
No antigo Egipto, o uso da máscara visava revelar e fixar o rosto eterno, incorruptível e supratemporal. A beleza intrínseca, a interior, era revelada e fixada através da própria máscara. Durante a passagem pela morte, o defunto mumificado era adornado com uma máscara de ouro. Na realidade, não se tratava de um adorno – a esta máscara correspondia ao verdadeiro rosto do indivíduo, a face do seu espírito eterno, a beleza da sua alma. E, nesse sentido, a máscara é uma encontro face-a-face, sem truques ou qualquer corrupção da verdade.
Tutankamón, Faraó egípcio da XVIII dinastia, 1360 a.C.
Na Grécia, o uso da máscara, no teatro, reportava também à fixação do rosto do herói trágico.
E, mais uma vez, a máscara não tinha o propósito de esconder, mas sim de revelar. De certa forma, é essa a função da máscara no contexto da figura mítica de Dionísio, deus helénico associado à folia, música, dança, embriaguez, êxtase e prazer sexual. O uso da máscara era, neste sentido, um veículo de libertação. Através da entrega ao êxtase, da libertação do que está oculto, fechado e constrito por trás da máscara o indivíduo rompia, soltava e soltava-se das suas próprias barreiras. É esse o fundamento do uso da máscara no festejos de Carnaval. Ela não é um veículo de disfarce ou ocultação da identidade, mas um facilitador da libertação do eu enclausurado.
Busto de Dionísio, época romana, século II d.C.
O Carnaval é celebrado na época do regresso da vida em toda a Natureza. Este “ritual iniciático”, de entrega à folia, ao êxtase e à celebração, é uma expressão da necessária libertação do indivíduo para um novo ciclo de vida. O uso da máscara, enquanto catalisador da saída para fora e da libertação daquilo que está preso na rigidez dos padrões de comportamento, tem uma relação de proximidade muito curiosa com o despontar das plantas, com o nascimento das primeiras crias nos rebanhos, com toda a explosão de vida que se pressente e verifica já nesta época. É o 'sair para fora', o 'deixar subir' o que estava submerso, preso, tapado. É nada mais nada menos que nascer. Seja um ser humano, um pinto ou uma semente germinada, o ritual é este: vir ao de cima, trazer à superfície, romper e revelar.
Máscara típica do carnaval de Veneza
Portanto, o uso da máscara não tem de ser entendido como uma estratégia perniciosa de vida. Neste sentido, tal como descrevi antes, ele é um elemento possibilitador e facilitador da libertação do indivíduo – pode ser o objecto que assiste ao nascimento do eu, o qual se renova a cada ciclo.
A questão da máscara está subjacente a questões basilares do pensamento ocidental. Ela comporta a dualidade e o paradoxo da revelação do eu, ou, pelo contrário, o da sua ocultação – a verdade e a mentira, a honestidade ou a dissimulação, a luz e as trevas.
Quando, no post anterior, me reportei à máscara, termo do qual derivou a palavra “pessoa” (de persona, do latim), estava a referir-me sobretudo ao mistério da identidade do indivíduo e ao apaixonante caminho de descoberta e reencontro com o que “eu sou”.
Quando nascemos, atribuem-nos um nome e educam-nos segundo padrões sociais e culturais que não foram criados ou definidos por nós. Ao longo da vida vamos desenhando e decidindo qual a nossa personalidade a partir dos episódios da nossa vivência. Essa é, no entanto, a experiência da pessoa, a qual poderia ser outra qualquer, mediante quaisquer outras circunstâncias, ou respostas às circunstâncias. No que diz respeito à identidade, ela é, na minha opinião, muitas vezes um sussurro interior, quantas vezes amordaçado e decalcado pelas máscaras das convenções, forçadas pelas receitas de vida, com setas apontadas para uma fórmula de sucesso inventada por alguém antes de nós e repetidas por nós próprios. Muitas vezes, a identidade é ocultada por esta máscara moderna, através da qual a personalidade encontra justificações para tudo, inclusive para usar máscaras, pois acredita que dar o rosto é contraproducente, é um sinal de ingenuidade e meio-caminho andado para ser engolido.
A verdade, é que esta convicção é uma crença da nossa cultura. Outras culturas não temem dar o rosto ou "usar" sempre o mesmo - único e honesto, o seu próprio, firme, contudo doce, totalmente aberto e desarmado. Eis um rosto, uma máscara de carne que revela um espírito límpido e um coração aberto:
Dalai Lama
21 fevereiro, 2006
descubra as diferenças
Identidade » Ser
Personalidade » Estar
Personalidade deriva da palavra pessoa, oriunda do latim, de persona, que significa máscara.
A nossa personalidade flutua, está e deixa de estar sujeita às circunstâncias, experiências, influências, percepções, ideias, crenças, etc.
A identidade, o eu sou é outra coisa, qualquer coisa a ser descoberta, redescoberta, investigada, trazida à superfície, exercida e realizada plenamente. Por baixo da máscara há um eu profundo, mas simples - há o eu. Um animal, uma árvore, uma montanha não têm dilemas de identidade - são apenas o que são, como são; expressam e realizam a sua natureza profunda, com simplicidade. Não há máscaras, nem distorções, nem barreiras. São livres no exercício de ser.
20 fevereiro, 2006
de Maat, em Maat
Harmonia
"Está a percorrer o mundo a exposição ASHES AND SNOW , do fotógrafo canadiano George Colbert.Todo o trabalho é um poema e um manifesto à HARMONIA DE TODOS OS SERES NA TERRA
Liguem o som e façam a experiência."
http://www.ashesandsnow.org/index.php?page=codex
"de Maat e em Maat" quer dizer tantas coisas... mas este post não tem esse propóstito. Basta dizer que Maat é (também) isto:
viver da harmonia e em harmonia - uma das demandas da ética no antigo Egipto.
Por outro lado, as notícias desta exposição chegaram-me através de maat, a autora do blog "arde o azul", cujo link, está plantado neste "pomar". Este post é um ramo colhido aqui: http://ardeoazul3.blogspot.com/
alquimia
15 fevereiro, 2006
felicidade?
sim, existe!
Passo a vida a esbarrar com exclamações e suspiros derrotistas sobre a intangibilidade da felicidade. Chega a dizer-se que nem é bom acreditar na felicidade, porque é/seria uma ilusão ou uma seca. Como é possível acreditar que nos fartaríamos de ser felizes?
Há aqui uma confusão de termos - entre felicidade, contentamento ou satisfação. Uma coisa é ser feliz, sentir bem-estar, paz, serenidade, segurança, confiança na vida, outra é estar contente e satisfeito com o que temos, com aquilo que possuímos. E a grande diferença está aqui: ser e ter. A felicidade conjuga-se com o verbo ser! A satisfação depende do que se tem. Posso ser feliz com o que tenho e com o que não tenho.
E sou, sou feliz! Às vezes estou satisfeita, outras não. Ainda bem.
ter - impermanente
estar - impermanente
ser - permanente
14 fevereiro, 2006
Ser amoroso - aquilo, aquele que é amoroso...
O Beijo, Gustav Klimt (1907 - 08)
Quem acha uma mariquice beijinhos, abraços, ternura e todas essas “tolices” que sabem tão bem?
Quem acha que celebrar isso é um disparate desnecessário?
Esta manhã, os meus filhos estavam doidos para chegar ao colégio... conspiravam com sorrisinhos e grandes planos para o dia... ai, que coisa boa, esta liberdade de ser criança e viver sem preconceitos!
E, então, disse a minha filha, cujo nome significa “aquela que traz amor”: “Eu sou o coração do dia dos namorados!”... Caiu-me tão bem! É que é mesmo!
Disse-o, porque de fato-de-treino todo vermelho, estava vestida da cor do coração... e de sorriso cheio, não se deteve, porque as crianças não se detêm em considerações que atrofiam o livre sentir!
Os amantes de Gaia, uma boa parte deles, celebraram ontem, sob um céu cheio de Lua, o despertar da Terra, da Vida!
E hoje, lá porque se comercializa ostensivamente o enamoramento, não vejo porque não podemos celebrá-lo sem cominhões e contemplações detractoras desta coisa boa que é “ser amoroso”! O amor sabe bem, faz bem!
(Vi pombos a namorar! Que descarados! Tão amorosos, logo no dia dos namorados! Serão, estarão a ser pirosos?!)
Um dia feliz, cheio daquelas mariquices que nos lembram (ou deveriam lembrar) que é para amar e sermos amados que andamos cá!
13 fevereiro, 2006
Despertar
É tempo de acordar, de nascer, de renascer!
Já viram, esta mania da natureza, de florir todos os anos!
Que mania boa!
Depois do longo sono de Inverno, a Terra desperta e nota-se já.
Hoje vi papoilas! Não me contive, soltei um grito, “Ai! Papoilas!”... e fiquei a pensar – não seria bom se todos nós floríssemos nesta Primavera?! Não seria bom se acompanhássemos este despertar e deixássemos romper (também em nós) uma nova vida?
Porque, sente-se, não se sente, a vontade de florir? Sente-se, não se sente, a vontade de começar de novo? Sente-se, não se sente, a vontade de acordar do Inverno e espreguiçar o corpo? Sente-se, não se sente, o coração a pedir água fresca, outro ar, outras cores?
Acho que sim. Que sentimos todos!
Bom despertar a todos! Bom recomeço a todos!
10 fevereiro, 2006
Filhos da água
Ísis a amamentar Hórus (Antigo Egipto)
O nosso corpo é 70 por cento água. Conta-se o mesmo na Terra - 70 por cento da superfície da Terra é água. Tão parecidos, mãe e filho.
A vida surgiu no oceano primevo. Depois de milhões de anos, e de vários estádios evolutivos, organismos unicelulares começaram a transformar o hidrogénio em oxigénio. Tinham acabado de descobrir a magia da fotossíntese, a habilidade de transformar a energia do sol em clorofila. O ar encheu-se de oxigénio e a vida fora do caldo primitivo tornou-se possível. Lá dentro, nesse oceano caótico, os primeiros organismos descobriram o sexo. Aprenderam a unir-se, a ligar-se e a partilhar informação. Descobriram que partilhar multiplica todas as possibilidades, que enriquece quem dá e quem recebe. Esta força mágica, este impulso magnífico que permitiu a diversidade da vida foi o sexo. De organismos “simples” que se replicavam a si próprios, a vida passou a ser fruto da troca e partilha do ADN e a tornar-se cada mais complexa e rica. Unir, ligar, juntar, trocar, partilhar e conceber. Tudo isso é sexo.
O impulso, essa força propulsora que leva os seres a unirem-se é uma energia, um ânimo, uma força anímica que deu resposta à fruição da vida. Essa energia é o amor. Instiga-nos a querer ligarmo-nos ao outro, à vida. Mantém-nos ligados a nós próprios, por amor a nós mesmos. O amor e o sexo estão juntos nesta conspiração a favor da vida e, sem esse tráfego e tráfico de informação e energia, não haveria vida, nem evolução. O sexo e o amor são qualquer coisa de mágico e sagrado, pois permitem criar, transformar, regenerar e fazer renascer a vida, ano após ano sobre a superfície da Terra, no mundo vegetal e animal. O sexo e amor também surgiram das águas, também foram materializados aí, tal como nós nos tornámos seres no útero da mãe.
O nascimento de Vénus, Adolphe-William Bouguereau (1825-1905)
(... da água, uma vez que o mito do nascimento de Vénus alude ao seu surgimento do oceano primevo)
Desde os primórdios que os homens intuíram isso. Representaram a Mãe sob várias formas, às quais associaram as formas generosas da fertilidade e da gestação da vida. Essas representações difundiram-se, desdobraram-se em sincretismos e muitas simplesmente estilizaram-se. A grande maioria perdeu o seu conteúdo ou foi decalcada. As mais populares, eternizadas através da arte (poesia e pintura), ficaram reduzidas a deusas da beleza e do amor/sexo, com frequência, no seu sentido mais fútil ou lascivo. No entanto, elas representam o livre fruir da vida, do desejo, vontade e poder de criar, gerar e regenerar. Representaram o amor, como força anímica que impele à união, dádiva e troca criativas. Desde Isthar na Mesopotâmia, a Ísis no Egipto, a Afrodite na Grégia, a Vénus em Roma, ou Cinthia em Sintra, entre outras, todas estas deusas-Mãe personificavam a magia da criação - a magia e beleza do acto de criar. São a expressão do amor que os povos reconheceram como fonte propulsora da união, essencial à regeneração dos campos, dos animais e dos próprios seres humanos.
Isthar, Mesopotâmia (XX a.c.)
Todas estas personificações ou metáforas para o amor, sexo, fertilidade e regeneração da natureza e da vida estão (também) intimamente associadas à Lua. Muito cedo, as mulheres perceberam que o seu ciclo de fertilidade estava sincronizado com o da Lua. E, de regresso ao oceano e oceanos da vida, a encruzilhada das rotas (como fios) liga-nos à Lua e à sua força sobre as águas. Água fora de nós, água dentro de nós. Água apenas!
07 fevereiro, 2006
mundo eu
Estive lá, sentada na margem.
Estendi os olhos no rio e fiquei com a cara toda colada no céu.
Como uma criança, esborrachei o rosto naquele vidro, para espreitar o que vai lá... cá dentro. Vi o rio a correr nas minhas veias e nas nervuras dos troncos, ramos e folhas das árvores.
Vi os meus pensamentos quase quietos a passar nas nuvens, nos rios do céu.
E outras nuvens, em forma de gaivotas, a voar. Tantas sensações a voar, livres, em mim.
Respirei do ar da água do rio e do ar do espaço do céu, tão azul.
Ouvi o rio e os assobios das gaivotas... e corpo a falar assim, no silêncio, sem deter uma única gota daquele caudal. Deixei passar o rio, e as nuvens e as gaivotas. Deixei-me ir.
Abandono. Liberdade. Ser, apenas.
Sintonia
A música* tem esse dom - o de ligar todas as partes, dentro e fora de nós.
A música neste blog é seleccionada pelo autor do lado B: um lado Balsâmico, Belo, Brilhante que junta as rotas da música.
*do grego, mousiké, «relativo às musas»
06 fevereiro, 2006
A caminho, do... no... em silêncio
Rota do conhecimento: à procura do que se é...
“Não é necessário sair do seu quarto. Fique sentado à sua mesa e escute. Nem sequer precisa de esperar, aprenda a tornar-se tranquilo, sereno e solitário. O mundo virá naturalmente oferecer-se-lhe, para através de si se revelar. Não poderá deixar de fazê-lo; desdobrar-se-á em êxtase aos seus pés.”
Franz Kafka
03 fevereiro, 2006
ouvir
ecologias
Ecologia
Salvar uma baleia, plantar uma árvore, respirar,
beber água, limpar a mente e o coração.
Ecologia dentro de nós, ecologia fora de nós, ecologia em nós,
ecologia através de nós.