26 abril, 2006

soukha



No budismo, o termo soukha designa um estado de bem-estar que nasce de um espírito excepcionalmente são e sereno. É uma qualidade que contém e impregna cada experiência, cada comportamento, que abrange todas as alegrias e todas as penas. Uma tão profunda felicidade que “nada poderia alterar, como as grandes águas calmas sobre a tempestade”. É também um estado de sabedoria, livre de venenos mentais e de conhecimento, livre de cegueira sobre a verdadeira natureza das coisas.
É interessante observar que os termos sânscritos soukha e ananda, geralmente traduzidos, à falta de melhor, por “felicidade” e “alegria”, não têm verdadeiramente equivalentes nas línguas ocidentais. A expressão “bem-estar” seria o equivalente mais aproximado do conceito de soukha, se esta palavra não tivesse perdido a força para não designar mais do que um conforto exterior e um sentimento de contentamento bastante superficiais. Quanto ao termo ananda, ainda mais do que alegria, designa a irradiação do soukha, que ilumina de felicidade o instante presente e se perpetua no instante seguinte até formar um continuum a que se poderia chamar “alegria de viver”.
Soukha está estreitamente ligado à compreensão da maneira como funciona o nosso espírito e depende da nossa maneira de interpretar o mundo, porque se é difícil mudar este último, é, em compensação, possível transformar a maneira de o perceber.
(...) O contrário de soukha é expresso pelo termo sânscrito doukha, geralmente reduzido por sofrimento, desgraça ou mais precisamente “mal-estar”. Não define uma simples sensação desagradável, mas reflecte uma vulnerabilidade fundamental ao sofrimento, que pode ir até à falta de vontade de viver, ao sentimento de que a vida não vale a pena ser vivida dada a impossibilidade de se lhe descobrir o sentido. É o herói de Satre que em A Náusea vomita estas palavras: “Se me tivessem perguntado o que era a existência, teria respondido de boa-fé que não era nada, simplesmente uma forma de vazio (...) Éramos um monte de existências afectadas, embaraçadas consigo próprias, não tínhamos a menor razão para estar ali, nem uns nem outros, cada ser existente, confuso, vagamente inquieto, sentia-se a mais em relação aos outros. (...) Também eu estava a mais (...) Sonhava vagamente em suprimir-se, para destruir pelo menos uma dessas existências supérfluas.” O facto de se achar que o mundo seria melhor sem nós é uma causa frequente de suicídio.
Ora, por influentes que possam ser as condições exteriores, esse mal-estar, tal como o bem-estar, é essencialmente um estado íntimo. Compreender isto é o preliminar indispensável a uma vida que valha a pena ser vivida. Em que condições vai o nosso espírito minar a nossa alegria de viver, em que condições a vai alimentar?
Mudar a nossa visão do mundo não implica um optimismo ingénuo, nem uma euforia artificial destinada a compensar a adversidade. Enquanto a insatisfação e a frustração provenientes da confusão que reina no nosso espírito forem o nosso quinhão quotidiano, repetir durante todo o tempo “Sou feliz!” é um exercício tão fútil como voltar a pintar uma parede degradada. A busca da felicidade não consiste em ver a “vida cor-de-rosa”, nem em enganar-se quanto aos sofrimentos e imperfeições do mundo.
A felicidade também não é um estado de exaltação que se deva perpetuar a todo o custo, mas a eliminação de toxinas mentais como o ódio e a obsessão, que envenenam literalmente o espírito. Para tanto é necessário adquirir um melhor conhecimento da maneira como funciona este último e uma percepção mais justa da realidade.
(...) Em resumo, soukha é um estado de plenitude duradoura que se manifesta quando nos libertamos da cegueira mental e das emoções conflituosas. É também sabedoria que se permite perceber o mundo tal como ele é, sem véus nem deformações. É por fim, a alegria de caminhar para a liberdade interior e a bondade afectuosa que irradia para os outros.

in Em Defesa da Felicidade, Matthieu Ricard; Pergaminho



Mathieu Ricard é filho do filósofo francês Jean-François Revel. As suas principais credenciais científicas incluem o doutoramento em Genética Molecular, obtido no Instituto Pasteur, em Paris, e o trabalho que desenvolveu sob a direcção do Prémio Nobel François Jacob. Posteriormente abandonou a investigação científica para se tornar monge budista tibetano nos Himalaias. Desempenha as funções de secretário particular e intérprete de S.S. o Dalai Lama.



Soukha foi o nome que escolhi para este blog.
É, numa palavra, o meu caminho. É o sentido, a orientação que quero ter, ser e dar à minha vida.
Não sou budista. Sou o que eu sou e abraço todas as culturas e tradições que, pelo seu espírito universal, me proporcionam o conhecimento que considero fundamental para vencer e superar a minha própria ignorância, causa única e última de qualquer mal-estar ou infelicidade. Li este livro de coração aberto, disponível. Terminei-o com a emoção, alegria e comoção de quem recebeu uma prenda inestimável. Chorei. Chorei de alegria. Sou muito grata ao autor e à minha querida I., quem mo emprestou. Estou grata porque quem o escreveu fê-lo por amor, com amor e quem mo colocou nas mãos fê-lo da mesma forma. Amor gera amor. Ainda não escrevi nenhum livro... vou escrevendo folhas. Folhas de soukha, de mim para mim, de mim para quem queira receber. Obrigada a quem me lê e obrigada a quem me responde - tenho recebido imenso, e sei, estou mais rica. Obrigada.

Tem dia muito feliz.

40 comentários:

Isabel José António disse...

Querida Amiga "Bem-Estar",

Que texto tão bonito e que bela surpresa revelar-se assim o "nome de guerra" pelo qual é conhecido no mundo "blogueiro".

O seu caminho é o seu caminho
A sua descoberta é a sua descoberta
Onde se mistura, na vida, o carinho
Do Bem Estar de ter a porta aberta?

A Natureza do SER UNO é espantosa
Percorre todos os tipos de Seres
Filigrana uma teia tão portentosa
De modo a que também tu possas ver

E não há que colocar rótulos a nada
Todos as pesquisas são válidas
A Natureza age tal qual uma fada
Para tornar as mentes agéis e cálidas

Amiga e companheira desta jornada
Sente apenas que nunca estás só
Se já iniciaste a longa caminhada
Teu átomo permanente também é pó.

Obrigado por esta partilha intimista.

Queria deixar-te uma sugestão de leitura (se é que não leste já)

Editora:
Estrela Polar
Autor:
Thomas J Mcfarlane
Título:
"Einstein e Buda - Palavras Comuns"
(onde os grandes cientistas e os mestres espirituais se encontram)

Vê, tal como eu vi e penso que também possas ver, como todos estamos a falar do mesmo embora, por vezes, com palavras diferentes.

Um beijinho

José António

Memória transparente disse...

O que eu já sabia na Sa.Ra... e no Soukha.

Um dia lindo e feliz.

Beijinhos.

greentea disse...

que maravilha poder vir aqqui para te comentar depois deste texto.
já me tinha questionado sobreo significado de soukha imaginava qualquer coisa deste tipo mas não com a profundidade que este texto nos dá.

Lindo neste dia de tanto sol, tanta paz tanta natureza à minha volta e tudo se proporcionoupra poder aceder à net nestas paragens longiquas perdidas no meio das altas serranias e de tradiçoes seculares.
Beijospara ti . Muito amor

sa.ra disse...

Olá José António!

tens sempre essa forma de presentear que me faz sentir que estou a falar com o outro que eu sou... o semelhante atrai o semlhante... e é uma maravilha esta cumplicidade!
de facto, "não há nada de novo debaixo deste céu"... em cada livro que pego, reencontro o Mesmo... que é inesgotável e que pode dizer-te e ler-se de mil forma, para desembocar no mesmo Oceano - o Um, que somos!

Obrigada pela sugestão (vou procurar). O budismo, apercebi-me neste livro que referi, tem vindo a ser "confirmado" pela ciência de forma extraordinária... poderia dizer-se o mesmo de outras tradições... mas a maravilha, não é as antigas tradições serem (também)positivamente exactas... a maravilha é a ciência convencional estar a finalmente e reconhecer e a corroborar saberes que, de outra forma seriam negados pelo cepticismo da Razão pura!

A fisíca quântica, e neurologia e a psocilogia têm, entre outras dado as mãos para (finalmente) começar a juntar o que estava divido!

é um excelente sinal de mudança e de crescimento!

beijinhos
tem um dia muito feliz!

sa.ra disse...

Maria do Céu

a forma como escreve Sa.Ra demonstra que Sabe, SABE, não sabe?!

beijinhos!
um dia muito feliz!

sa.ra disse...

Olá Greentea!

que bom!
que boa supresa, a tua visita!


sabes, li este livro e foi, como disse, aí que "roubei" o nome para o blog... entretanto, nunca foi minha intenção deixar o título enigmático... não há necessidade!

entretanto, devolvi o livro e só agora consegui comprar um exemplar para mim (tive de reservar)... parece que está esgotado (ainda bem!!!!!! é bom sinal, espero!!!)

Queria sr fiel ao autor, queria fazer-lhe este tributo, assim, da forma mais inteira possível!
foi Agora!
soube bem!


tem umas boas férias... por aí, onde se respira ar puro!

beijinhos
tem um dia muito feliz!

Isabel José António disse...

Sa.ra

Peço desculpa mas queria só deixar uma outra sugestão de leitura. Esta é ainda mais importante para nós portugueses. Trata-se dum um livro que já não saíu agora mas é muito significativo.

Título:
AO ENCONTRO DE ESPINOSA
Autor:
António Damásio
Editora:
Publicações Europa América

Sim! Esse mesmo o neurocientisto português António Damásio.
Anteriormente já tinha peublicado o "Erro de Decartes". Depois publicou "O Sentimento de SI".

Nesta obra depois de em mais de oitenta e tal por cento das páginas se dedicar ao mapeamento das funções cerebrais, com a mestria de que só ele é capaz, fica sem palavras para explicar o que ninguém consegue explicar. Foi à Holanda e visitou toda a obra escrita por Espinosa e os locais onde viveu. E faz uma "descoberta" espantosa para um cientista que é, ABRIR UMA PORTA, assim mesmo em letra de forma, para algo que a Ciência costuma rejeitar.

Toma partido pelo pensamento de Espinosa. Com cuidado é certo. Mas ali, preto no branco. Como se sabe Espinosa tem um pensamento muito parecido com o Budismo. Ou aquilo que na época em que foi escrito seria o que mais se pareceia com o Budismo. Durante mais de 100 anos foi propositadamente votada ao ostracismo a sua obra.

Penso que é de leitura obrigatória este livro.

Um beijinho

José António

sa.ra disse...

José António

Obrigada! é sem dúvida uma boa proposta!
está registado!

beijinhos!

João Barbosa disse...

Soukha é uma palavra bonita de se ouvir. Depois de saber o seu significado é agora uma palavra mais bonita.

sa.ra disse...

João Barbosa

Soukha é um estado de estar/ser bonito ... espero não me perder dele... não me perder nele... espero nunca confiar de mais que o estou a consquistar... espero que seja sempre o caminho e não a meta!

ainda bem que gostaste!
fico feliz!

beijinho
dia feliz!

teresa g. disse...

Então é esse o significado de Soukha! E essa é mesmo a sensação que tenho sempre que venho aqui, desde a primeira vez! Obrigada por nos trazeres isso!

Entretanto, e com o espiar das conversas alheias já tenho mais dois livros na minha 'wish list'!

Em relação aos teus jacintos, acho que eles devem ter fome! Ou então tiveram o ano passado. Se lhes deres comidinha (adubo!)provavelmente já não vai surtir grande efeito para este ano, mas pode ser que tenha alguma influência no próximo. Também pode ser água a mais, ou de menos. E também pode ser que sejam velhinhos e precisem de ser trocados por outros. Boa sorte!
Bjinhos

Manela disse...

Olá... Vim aqui parar através do thunder and lightening.. Que surpresa agradável! Gostei muito do blog. Estou-te grata pela leitura que me proporcionaste e pelo bem estar. Felicidades.

pe disse...

(tirando o "sempre") gosto de ti quando tens as mãos assim, cheias de nada!

um beijo!

kelly disse...

não temos vocábulos para soukha nem para ananda, mas temos "saudade". às vezes preferimos prender-nos a um passado (que está limado - para o bem e para o mal - pela memória), com os braços presos por raízes, os olhos tapados pelas mesmas, as emoções turvadas pelos "venenos mentais".
obrigada pelo teu ar puro!

as velas ardem ate ao fim disse...

Lindo texto.Aprendi alguma coisa e por isso fiquei feliz.bjinhos

sa.ra disse...

Jardineira Aprendiz

Sempre que espias eu acabo a lucrar ... espia... espia!

Quanto aos meus jacintos! ohhh! só têm dois aninhos!

acho que vou dar-lhes mimo e pedir-lhes encarecidamente para florirem...

os meus filhos às vezes dizem coisas surpreendentes (ou não)...
o leitor de CD/DVD lá de casa, de vez em quando, dá-lhe fanicos e não lê os DVDs...
um dia, estava eu a tentar ver um filme e nada!!!!! o leitor não reconhecia nadinha...

então o meu filho veio contar-me o truque dele:
"oh mãe, sabes, outro dia aconteceu-me o mesmo... mas eu rezei e a seguir funcionou!"

ora, rezar é "falar com"... uma oração é isso mesmo: estabelecer um ligação, entrar em contacto, pois há a convicção que "o outro" ouve a atenderá...

a piada disto é que embora eu seja de facto uma pessoa de experiências espiritual, nunca induzi os meus filhos ... nunca lhes fiz "catequese"...

voltanto aos jacintos... e como não vou desistir... resta-me rezar! vou falar com eles e pedir-lhe "por favor, não morram... vocês têm de florir!"

achas que pode resultar?!
beijocas!
temm um dia muito feliz!

sa.ra disse...

Olá Mariama!

bem vinda!
sabes, eu quis... desejo que este blog seja mesmo um pomar... um país... um lugar Bom para se estar, passar, passear, ficar à conversa ou em silêncio... livre para entrar, livre para sair... um país, onde não é preciso vistos!

quando digo UM país, assumo, adquiro, promovo que só há UM país... o da humanidade!

por isso, bem vinda e obrigada pela tua visita!

beijinhos
tem um dia muito feliz!

sa.ra disse...

p.e.

tenho uma coisita para te dizer, mas é lá na tua casa... por causa de uma tal cor cinzenta!

"mãos chias de nada é lindo"... faz-me lembrar a frase da carmelita! É uma verdade última... essa liberdade... esse desapego!
em marcha!

beijokas!
dia feliz!

greentea disse...

gosto dessa do dvd... podemos chamar-lhe o q quizermos ...energia positiva que enviamos para isto ou para aquilo; será o mesmo se calhar q reiki, que rezar , orar. pedir

mas a verdade é q funciona!

Hoje já estou melhor instalada , junto da Praça Velha, perto da Catedral tão antiga por certo quanto Dom Sancho mas com uma bela duma loja internet - espectacular;
se o Sancho se apercebesse voltava cá de novo , por cert

bjs

sa.ra disse...

Raquel,

sabes uma coisa... a partir um um certo ponto as coisas são indizíveis... a experiência é intaduzível através da palavra... sobretudo nas línguas modernas... gastas, esgotadas pelo esvaziamento de contéudo...
sou uma leitora, admiradora, uma amante do símbolo, por isso mesmo, porque DIZ...
as nossas línguas falam... e às vezes dizem nada, ou dizem torto, ou dizem em fragmentos...
mas a palavra é pensamento materializado através da voz ou da escrita... e pensamento é exercício mental e exercício mental é organização, estruturação, arquivo, selecção, escolha... ou, melhor ainda: investigação... e daí chega-se ao
"pensa o que sentes e sente o que pensas"... a palavra vem a seguir... e às vezes a língua não basta... mas temos olhos e mãos e gestos que também falam...

a saudade é coisa boa, acho... eu gosto de sentir saudade... a memória permite-me saborear coisas às quais não posso retornar... a tudo, de facto... desde há bocado para trás, não há mais retorno... esquecer o passado é apenas deixá-lo ir, libertar, largar... mas a memória é um mecanismo maravilhoso para recordar, voltar a rir, chorar e aprender com os irrepetíveis que fazem a nossa História!

tem um dia muito feliz!
beijos

sa.ra disse...

Velas que ardem até ao fim!

ai, gosto tanto desse teu "nome"!
beijinhos!
volta sempre!
tem um dia muito feliz!

sa.ra disse...

Olá Greentea!!!!

tás boa?
a do DVD é linda não é?
é a força da Vontada, do desejo, da Intenção, como diz o Chopra!

é a tal força que opera os milagres!!!!

... nunca li até ao fim o D.Quixote... mas gosto do Sancho... e do seu sentido de justiça!!!

beijos!
tem um dia feliz!

teresa g. disse...

Pois, dizem que resulta falar com elas! O ano passado fiz um curso de Reiki e há uns tempos tentei fazer a uma planta. Fiquei um tanto frustrada porque comigo essas coisas nunca resultam. Mas acho que é uma boa experiência tentares. Depois conta se resultou!
(Em Findhorn eles acreditam piamente nisso!) Jinhos!

teresa g. disse...

Já me ia esquecendo, entretanto não te esqueças de lhes dar comidinha! (De qualquer forma não te preocupes muito, já é um pouco tarde para eles florirem!)

sa.ra disse...

olá Jardineira!
acabei de andar lá no teu jardim!
sabes uma coisa... isso CONTIGO funciona de certeza... o que sai pela mãos vem direitinho do coração!
o teu coração duvida e depois entope!
mas é capaz! és capaz! tenho a certeza!

sobre a comidinha para os meus jacintos... falei lá na tua terra de cores!
bjs,bjs!

Teresa Durães disse...

A filosofia, na sua essência, e a meu ver, tem tudo em que acredito.

Se não fosse... uns milhentos pormenores diários...

Uma psiquiátrica costumava dizer que para o amor era preciso tempo...

Damásio quer descobri-lo no meio dos neurónios...

Por vezes o corpo comanda a mente e terá Damásio razão ou os budistas quando falam na libertação das emoções conflituosas?

O mal estar exterior agita o nosso interior porque é lá que reside o conflito (pelo menos na maioria dos casos - não falo em extremismos). Será que o nosso mal estar interior é sempre fruto de um problema psicológico?

A maioria das religiões falam do mesmo, de um modo ou de outro. O problema foi a deturpação das igrejas.

"Amai Deus acima de todas as coisas" tem o mesmo significado - libertai-vos do que é terreno.

Mas as palavras perderam o seu significado pleno.

Admiro quem consegue tal compaixão, desapego. Infelizmente para mim talvez numa outra vida.

teresa g. disse...

Antes de sair de novo a correr (qualquer dia já tenho vergonha de repetir isto!): o adubo para bonsai não me parece boa ideia, porque é concebido para os bonsais que não devem crescer muito - se lhes puseres adubo normal eles ficam completamente escangalhados. O ideal era adubo para plantas floridas, mas se não tens não sei se vale a pena comprar este ano, podes começar bem cedo no próximo!

Em relação ao Reiki e às energias - se calhar tens razão, e já me disseram isso antes. E às vezes até bate certo (não com as plantas) mas fica sempre a dúvida se foi coincidência... (O cepticismo é terrível!) Jinhos!

sa.ra disse...

Olá Teresa!

confesso, não tenho tanta fé na Filosofia...

tenho fé em todas as formas de indagar o mundo e Vida e de aceder-lhe... a Filosofia é sem dúvida uma ferreamenta - é assim que a vejo, como uma ferramenta que exercita a mente... mas não a única, não a maior!

o seu comentário é muito pertinente! muito mesmo e é com muito gosto que estou a responder-lhe...

a filosofia, a psicologia, a neurologia e tantas outras outras disciplinas são para mim uma fracção da luz, como no espectrum solar!
diria, como Novalis, que "é falta de génio e de perspicácia separarem-se as ciências umas das outras. Nós devemos as maiores verdades de hoje às combinações entre os elementos, até agora separados, da ciência total".
(para mim, esta frase dita há alguns séculos, mantém-se extraordinariamente actual)

Acho que caminhamos para uma ligação bem sucedida! todas as ciências (fiz vários posts logo no ínicio, em Janeiro, sobre isto) estão à procura das respostas últimas - quem somos; de onde viemos, para onde vamos, e o que fazemos aqui!

As religiões fazem o mesmo... mas as religiões, assim como a religião Ciência avaçaram para a fragmentação! este é um patamar muito delicado - o da liberdade de cada um ter a sua verdade, declarando-a a verdade única e "que se lixe quem não pensa como eu!"

já reflecti imenso sobre isto. Ainda não escrevi sobre esta questão, porque não é coisa que se faça de ânimo leve!
Mas, o facto de sermos livres de pensarmos como bem entendemos separou-nos, fragmentou os saberes, ciências e culturas ... o processo que nos trouxe aqui, a este estádio foi muito proveitoso e necessário... era necessário, como bem defendeu Nietzshe, aprendermos a criar os nossos próprios valores em vez de embarcamos no "rebanho", pois a domesticação não produz seres necessáriamente melhores, apenas coros concordantes, submissos!

Acho que a busca da ciência e até das religiões é muito semelhante à busca do individuo per ser, acho que a individuação é o caminho... acho também, como defende Ken Willber que o caminho é superar este estádio de "verdades" e, por fim, integrar!

o que nos trouxe aqui fê-lo por bem e fez-nos bem... mas acredito que é tempo de dar um salto quântico e Integrar!

No fim, o Saber é um só, mas as ferramentas são muitas... de certa forma a Filosofia dá-nos esta habilidade, a de pensar... mas é preciso reunir, congregar outras ferramentas e confiar nelas: além de pensar temos de, acredito, usar o Sentir, a intuição, e a toda a área que foi decalcadas ou escamoteada pelas ciências exactas -uma religião tão tirana como outras.

Julgo que é preciso aceitar que, por mais que possamos registar o percurso da nossa actividade cerebral através de um electroencafalograma, há algo que nos escapa e só pode ser apreendido com outras ferramentas - as do reino do Sentir!

Não se segura um pensamento, tal como não se fixa o rasto do voo de um pássaro... e por mais que tenhamos a noção de que as emoções estão localizadas no hemisfério esquerdo do cérebro, a verdade é que ninguém ainda congeguiu tirar lá uma amostra de amor, inveja ou ódio!

Por isso, digo, o é tempo de unir, de voltar a ligar o que tem estado separado: corpo, mente, alma e espírito. Pois somos todas essas dimensões e nenhuma é mais importante que a outras. São partes/todos, camadas que alargam e incluem as outras... e isso, é para mim o SER INTEGRAL, o ser Total!

Quanto a deixar para outra vida... admito que o tempo que tenho possa ser curto para abraçar essa totalidade... mas porquê deixar para depois?
seja como for, antes ou depois, hoje é já o dia em que se questiona o "esquema"... e hoje é já nesta vida! desculpe discordar mas parece-me que não está a deixar para depois... o desapego ... e todas a palavras que se esvaziaram podem voltar a encher-se, por isso a Palavra é preciosa e tem o poder de Criar... de Re-criar!

de resto, nada dessa palavras são metas, são caminhos!

desejo-lhe um dia muito feliz!
sinto-me muito grata pelo seu comentário!
obrigada!

Era uma vez um Girassol disse...

"É por fim, a alegria de caminhar para a liberdade interior e a bondade afectuosa que irradia para os outros."
O que se aprende contigo, sa.ra!!
Interessante, minha amiga, também não sou budista e estou na tua linha...Gostava de ler esse livro!
Perguntava-me há tempos o que quereria dizer Soukha e porque terias escolhido este nome para o blog...Aí está direitinha, a explicação!
Sim, estás mais rica quando absorves toda essa filosofia e ages de acordo com ela! A riqueza vem do interior, é muito mais do que possuir coisas.
Da China...com amor!

greentea disse...

tanto que eu gostaria de ir à China...
mas contento-me com o que tenho neste momento
serranias alatas e agrestes cobertas de verdes de lirios do campo e de rosmaninho em flor

sa.ra disse...

Greentea e Girassol!

minhas amigas, por favor!
eu estou encafoada em lisboa!!!!!
e numa zona que valham-me os meus deusas e o Tejo... que mesmo sujito... com camiões a passar-me por trás (que é zona de doca industrial)enfim... vou aproveitanto, gozando como os tontos, como quem é feliz com um pauzito de algodão doce!
e lá vou aproveitanto as flores que não desistem de nascer nas bermas, as árvores que mesmo prisioneiras do asfalto me dão os bons-dias!!!!


minhas amigas!
eu vou até à porta... agora, é a viagem possível!!!

estou a roer-me... e vocês felizmente daqui para fora... a encher os olhos e o peito de outro ar!!!!!

quem dera! ai quem dera!


aproveitem bem... que viajar é das coisas mais fantásticas que eu não tenho feito na minha vida! :(

mas vou agora até à porta!
vou espreitar o rio!
beijos às duas!

Teresa Durães disse...

O motivo pelo qual disse não poderr alcançar nesta vida não é pelo facto de não procurar ou não tentar.

O caminho comecei a pisá-lo há muitos anos. Na minha biblioteca pessoal (pequenininha para o meu gosto) constam livros de religião, o dito Damaso (que nem com ketchup consegui engoli-lo) e outros mais.

Perguntei a mim mesma qual o motivo da minha "cegueira mental e das emoções conflituosas".

Entre a reflexão, a meditação, a leitura e conversas durante anos a fio, com avanços e recuos, sempre que obtia um equilibrio, sentia que estava a dar um passo num caminho difícil.

E de repente recuava de uma forma brutal, louca, desesperada. Porquê?

Até que passei um ano? dois? não sei dizer, entre desespero total, o equilibrio e a felicidade total.

Um dia quando disse a mim mesma o que negava há anos (o auto-conhecimento nunca se perde e é a base para qualquer base/filosofia/religião ou todas elas, na minha opinião, claro), fui ter com a ciência.

Se as minhas emoções eram o que eram, se a religião, a filosofia, a literatura, nada estava a elucidar-me, não podia negar perante mim os factos.

Recebi de uma psiquiatra a resposta que não esperava e saí para a rua, numa noite de inverno, sem saber o que pensar.

- É bipolar. Um problema físico.

Neguei-o durante mais um ano até que o tratamento que outra psiquiatra me deu (quando entrei numa crise de depressão major) alterou-me completamente e andei entre as crises de mania e depressão em ciclos rápidos.

Não deve saber o que é. É tudo o que não está escrito no seu post.

Há três anos atrás apercebi-me que durante uns tempos não sei se durante uns tempos eu consegui "perceber o mundo tal como ele é, sem véus nem deformações" ou, pelo contrário, vivi em ilusão, provocado por uma doença.

Agora, medicada, apesar de ter crises na mesma mas já não são despoletadas com a mesma frequência, entendo o que diz, procuro na mesma.

A minha dúvida, e grande, é a definição destas grandes verdades, verdades escolhidas para uns.

Por exemplo, um esquizofrénico. Doente mental?

Como Bipolar estou na categoria dos doentes mentais. A diferença entre mim e os não doentes mentais é na intensidade das emoções.

Damásio diria logo que é um mau funcionamento dos neurónios (demasiada/pouca transmissão entre os mesmos).

Quando olho à minha volta, no metro, entre gente que só pensa em futebol ou só vê televisão e nem pensa, sinto-me feliz por ser quem sou.

O desapego só numa próxima vida.

sa.ra disse...

Teresa,
obrigada pela sua resposta... tão honesta...

que seja numa próxima... que seja quando for possível...

Aprendiz de Viajante disse...

Sinto muita paz na tua presença, agora compreendo o porquê!!! A escolha do nome para o teu blog foi fantástica, bem ao meu género...

Quem está bem só espalha paz e tranquilidade... é um prazer receber-te no meu blog!

Um bjo

Anónimo disse...

Bom dia!

Ontem estava tão irritada que até me custava um pouco olhar para esta imagem. Entrava em conflito com o meu estado de espírito.

Hoje, pelo menos já compreendi o motivo da minha irritação. Afinal até somos muitos irritados pelos mesmos motivos.

O que aqui li ajudou-me a compreender o porquê do meu estado de espírito. O que é um passo muito importante para o mudar.

Soukha! Esse estado de espírito tão agradável. Às vezes apetece que seja uma meta e não um caminho. Mas não é possível. Quando páro de caminhar para me acomodar ao bem estar do momento, algo cá dentro não fica bem.
É preciso continuar!

Obrigada pelas tuas palavras!

calvin disse...

Obrigada por também partilhares o teu conhecimento e sentimentos com todos os que navegam nesta "rede".
Sê feliz!

Anónimo disse...

amiga
soube hoje que o pai de Mathieu Riccard morreu.

sa.ra disse...

Olá md,

(agora vou fazer figura de parva... assim de repente não estou a ver-te md... md(?!)


bem... isso também não o mais importante... a não ser para me lembrar da minha falta de memória... grrrrr...

olha, fico feliz que tenhas tirado proveito deste post, fico mesmo!
e concordo contigo... soukha não é a meta, mas o caminho! e eu acredito que é mesmo!
é claro que não podemos estar sempre alegres, mas podemos estar tranquilos, serenos, confiantes... estar insatisfeito e entristecido faz parte e é necessário!... porque assegura que não estagnamos!

(grrrrrr... não consigo identificar "md"... bem... devo estar a precisar de choques eléctricos!)

beijinhos!
tem um dia muito feliz!
boa caminhada... um passo, um dia de cada vez!
:)

sa.ra disse...

Olá amigo/a anónima!

não sabia!... não sabia!

os budistas não acreditam na morte ... acreditam na eternidade, através das reencarnações do espírito!

sentem saudade do corpo, da presença local, mas abraçam a presença permamente do espírito e vivem a morte de uma forma extraordinária!

acho que mais saudável do que esta, a ocidental!

luz e paz ao espírito que residia em Jean-François Revel!

beijocas
um dia feliz!

sa.ra disse...

Calvin,

é meu dever!
é a "minha parte"... é uma forma ... umas das formas de continuar a aprender!
obrigada pela tua presença!
ela dá sentido à "minha parte"!

beijinhos!
um dia muito feliz!