17 maio, 2006
problemas de visão
Segundo um estudo sociológico recente, encomendado pela Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, metade do Portugueses vê mal!
“55,8% dos inquiridos têm problemas de visão, sendo que 43,6% têm Miopia [dificuldades em ver ao longe], 24,2% sofrem de Hipermetropia [dificuldades em ver ao perto] e 18,7% Astigmatismo [visão desfocada].”
Desconfio que ... é a visão em geral e em particular...
Conversa entre sr. Patrão e sr. Empregado
Sr. Patrão – Pois é sr. Empregado... isto não está nada bem. Este ano não vamos poder dar aumentos a ninguém.
Sr. Empregado - ...
Sr. Patrão – A situação da empresa não está boa. Além de não termos tido lucro, ainda tivemos prejuízo... a empresa está a atravessar uma grave crise...
Sr. Empregado - ...
Sr. Patrão – A economia nacional está no estado em que está e isso reflecte-se nas empresas...
Gostava muito de comunicar-lhe um aumento, mas infelizmente este ano já não vai ser possível... quem sabe no próximo ano...
Sr. Empregado - ...
Sr. Patrão – Temos de continuar a semear! O sr. Empregado é um funcionário que tem dado provas do seu valor, e um dia, quando ultrapassarmos esta crise, irá com certeza colher os frutos do seu empenho...
Sr. Empregado - ...
Sr. Patrão – Felizmente estamos a conseguir evitar fazer cortes no pessoal... e, olhe... apesar de estas não serem as melhores notícias, a verdade é que é uma grande sorte não ter de estar aqui a tratar do seu despedimento... Nesta altura, tendo em conta o estado do país e da empresa, é muito bom poder dar-lhe esta notícia: não vou dar-lhe um aumento, mas também não vou despedi-lo...
Sr. Empregado – Sim, sr. Patrão... eu sei que tenho imensa sorte em ter este emprego!
Sr. Patrão – Estamos a passar por uma crise terrível! Terrível!
Sr. Empregado – Pois...
Sr. Patrão – Mas estou confiante que com o empenho de todos, e sobretudo com o seu, este mau momento será ultrapassado!
Sr. Empregado - ...
Sr. Patrão – Conto consigo para nos ajudar! Conto com o seu entusiasmo e motivação. Tenho a certeza que, juntos, daremos a volta a isto!
Sr. Empregado - ...
Sr. Patrão – Vamos lá trabalhar com garra, certo?!
Sr. Empregado – Sim sr. Patrão!
Entretanto, em outro gabinete, numa outra empresa...
Sr. Empregado – Pois é sr. Patrão isto não está nada bem. Este ano não vou poder trabalhar como até aqui... vou ter de abrandar...
Sr. Patrão – Como?
Sr. Empregado – A minha situação piorou. Além de não ganhar mais, tenho ainda mais despesas... A minha vida está a atravessar uma grave crise... e estou a ficar cada vez mais endividado...
Sr. Patrão – ...
Sr. Empregado – O país está a passar por uma grave crise e o mesmo acontece na minha vida e na minha família...
Sr. Patrão – Estarei a ouvir bem? o Sr. Enlouqueceu?
Sr. Empregado – Hoje, o que ganho chega para poder vir trabalhar... os meus filhos passam 12 horas num colégio e pago mais de metade do meu ordenado só par poder comparecer ao serviço... A minha mulher está doente... úlcera nervosa – baixas, médicos, medicamentos estão a dar cabo do nosso orçamento que já estava a derrapar... os meus filhos estão rebeldes, exigentes e insuportáveis... a minha vida está a passar por uma crise terrível. Terrível!
Sr. Patrão – ...
Sr. Empregado – Estou muito cansado... não tenho ânimo para nada!
Os meus filhos precisam de mim e falta-me paciência para tudo: falar, ajudá-los nos estudos, brincar então nem se fala...
Sr. Patrão - ...
Sr. Empregado – A minha mulher está tão mal... deixou de rir... deu cabo dos nervos e do estômago no trabalho... a vida está muito difícil e vale tudo para agarrar um emprego... o stresse deu cabo dela... está um frangalho... eu não tenho tido muita paciência também, confesso...
Sr. Patrão - ...
Sr. Empregado – Mas estou confiante que isto vai melhorar. Conto com o seu empenho para ultrapassar esta crise. Peço-lhe que encare isto como um investimento... é preciso semear para colher depois e, garanto-lhe, um dia há-de colher os frutos do seu empenho...
Sr. Patrão – Grrrrrrrrrrrrrr
Sr. Empregado – Eu poderia estar a dizer-lhe que já não posso contar mais consigo... mas não! O sr. já revelou que é um patrão válido! Tenho a certeza que vai dar-me um aumento, reduzir a pressão no trabalho e juntos vamos ultrapassar esta crise!
Sr. Patrão – Grrrrrrrrrrrrrrrr
Sr. Empregado – O seu empenho é fundamental! Em coisa de um ano ou dois eu já estarei com a minha vida equilibrada e nessa altura vou trabalhar com muita alegria e entusiasmo! Verá que, juntos, daremos a volta a isto!
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18 comentários:
Existe um hábito em Portugal: Quando tudo corre mal, arranja-se um bode expiatório.
E, para garantir que não corra pior, fazemos sofrer quem já está mal.
Este, por exemplo, é o caso do Funcionário Público que todos os dias é massacrado nos média.
Claro, como todos somos vítimas das Finanças, para nós o funcionário Público passou a ser a pessoa que está à nossa frente na Repartição das Finanças: Um mal humorado que nos vai dizer "Passe cá o cheque e cale-se"
Assim, desde 1998/1999 a malta da função pública tem vindo a perder todos os anos poder de compra (claro que não falo nos gestores de topo)
Mas, que importa? Aquele funcionário das finanças fica com o meu dinheiro!
(engano, não é ele e funcionário público é o policia da rua, o médico, o juiz, os professores das escolas, das faculdades e mais uns quantos)
Este post faz ver perfeitamente o quanto temos vindo a calar. Todos nós.
Eu, funcionária pública porque tenho aceitado de há 7 anos para cá a descida do meu salário, a constante humilhação ao ponto de por vezes nem dizer onde trabalho
(sim, de ter medo de dizer que sou funcionária pública e de ser acusada que nada faço, que não passo de uma despesita, parasita, e que levo o tempo todo a roubar)
A roubar o quê?
Não tenho coragem para sair daqui, sabiam? Tenho dois filhos, por acaso agora sou casada mas fui divorciada durante bastante tempo.
Tenho medo de chegar ao fim do mês e não ter dinheiro
E calo-me.
Sozinha, não.
Já lutei muito sozinha e sim, é verdade, agora tenho medo de ficar no desemprego.
(demasiadas as entrevistas onde me disseram - Tem filhos? ãh.... bom... não estamos interessados..)
demasiadas as depressões onde não consigo trabalhar
Aplaudo à coragem e gostava de ser assim.
Lamento a minha cobardia. S´ó o que posso dizer
Teresa,
estou sem palavras
o teu comentário suscita muita reflexão!
estou sem palavras...
obrigada!
beijo!
Está maravilhoso teu post muito criativo e inteligente. Parabéns! E não sendo preciso traduzi-lo faço aqui só como exercício de retórica: Estas lições de moral podem ser muito bem usadas ou usadas hipocritamente, podem ser usadas tanto de um lado quanto de outro: patronato e empregados, opressores e oprimidos, indivíduos de esquerda ou direito, por quem quer beneficiar ou prejudicar alguém.
A semente diz que foi semeada no Eden e deu origem a Árvore da Vida da Kabalah. Ali temos muita sabedoria para estudar, mas usar qualquer conhecimento que seja para o bem depende de nós.
Felicidades!
Beijinhos!
Ai, onde é que ouvi isso, tantas vezes! E como me arvorei à 2ª cena, acabei por ser "expelida", amigavel, vocês sabem, velha para trabalhar, nova para descansar ...
É um ponto de NÃO retorno e ninguém calcula a DOR ... Só tenho a dizer que func. públicos são uns milhares - os "outros" são milhões!
Por favor, que todos nos comprendamos, dar as mãos, etc ...
Andaremos todos a correr atrás das coisas erradas?!
Corremos tanto por tão pouco...
Beijinhos
a cena repete-se ao longo dos últimos anos e agora em crescendo...
empregado versus patrão e vice versa... duas opticas duas maneiras diferentes de estar e de se acomodar
há ainda bons empregados e tb alguns raros e bons patrões. Tb há funcionários públicos diligentes com ou sem filhos, casados viuvos divorciados.
Muitos acomodam-se, claro. não têm alternativa - aguardam o dia da ida prá reforma , simplesmente . E atendem-nos carrancudos, e exigem o tal cheque e fazem penhoras à casa ou ao carro ou à conta bancária em prol da produtividade e do (bom) desempenho...
É o Portugal que temos - com problemas de visão, miopia , astigmatismo e hipermetropia, pois tb os há que vêm longe demais e as lentes progressivas fazem-nos tropeçar no primeiro degrau que lhes surge no caminho...
beijos para ti pelo post e pelos comments que li.
Ruth Iara,
a árvore da sabedoria é isso mesmo - a responsabilidade inerente ao poder do conhecer!
uns usam o que sabem para criar riqueza para si e para os outros!
outros usam-na para destruir!
o Homem quando provou a "maçã" da árvore da sabedoria DEU-SE CONTA de is mesmo... da sua nudez e a da sua fragilidade, mas também se deu conta da sua fertilidade e capacidade criativa! Saber Deus e ser Deus!
somos responsáveis pelo uso que damos ao nosso discernimento, conhecimento! somos livres por isso! podemos escolher e não apenas responder a instintos!
que cada um siga a sua consciência!
para o melhor a para o pior a factura quem paga realmente a factura de cada escolha, é aquele que escolhe!
é solitário!
mas é isso, antes de mais, somos UM em cada um de nós próprios!
bettips,
que todos nos compreendamos a nós próprios!
:)
obrigada pela visita!
beijinho
dia muito feliz!
Ruth Iara,
desculpa a trabalhada e gralhas na minha resposta ao teu post!
não revi e foi de mais!
beijinhos!
dia muito feliz!
a semear!!!!!!!!!!
Greentea
a Visão ou falta dela é uma metáfora das doenças, não só em Portugal, mas no mundo!
O homem não será livre enquanto não perder o medo de perder!
enquanto o seu sucesso se medir em ganhos imediatos... em entesouramento próprio!
é tão fácil ser-se um escravo do dinheiro! da alegada segurança que dá! não é o materialismo que estou sequer a apontar! é o medo, sobretudo!
não é natural deixar de sentir medo! é bom sentir medo - é ele que nos dá alertas e nos permite escolher caminhar pelo passeio e não no meio da estrada... mas há medos que paralisam... e não se abatem... superam-se, agindo para além dele!
sei que me entendes!
:)
beijinhos!
dia muito feliz!
Teresa!
ontem não disse nada, não fui capaz, mas digo hoje!
o que tu descreves não é, a meu ver cobardia!
é apenas e só medo justificado por inúmeras questões!
todos os medos têm justificação!
todos!
e a vida não é um concurso!
detesto a "lei do mais forte" por isso! a vida não é um concurso!
não estamos cá para ganhar ou para perder! estamos cá para amar e ser amados - o trabalho deve, acho, integrar esse propósito, seja a plantar árvores, escrever poemas, preparar relatórios ou a pregar pregos!
beijinhos!
dia muito feliz!
Jardineira Aprendiz!
acho que não andamos a corrar atrás de coisa erradas... talvez andemos a correr à frente de coisas erradas, para não sermos apanhados pela misério, pelo fracasso ou pelo julgamento da maioria socialmente aceite!
corremos à frente, a toque de chicote... à espera de um dia chegar ao tal lugar seguro onde poderamos desfrutar do esforço da corrida...
o pior é que na maioria das vezes chega-se lá doente... com a familía doente ... se sobrar família!
beijinhos!
dia muito feliz!
bettips!!!
tentei visitar-te!!!
não vi casinha nenhuma!!!
sem-abrigo????? de todo o lado e de lugar nenhum?!
:)
beijinhos!
dia muito feliz!
É verdade, se sobrar família! Tenho visto muito disso a acontecer ultimamente. Em relação ao 'correr atrás' tinha que explicar, mas hoje estou aflitinha, aflitinha... Tenho muito que correr nos próximos dias!
Beijinho
Jardineira Aprendiz,
eu percebi o correr atrás... acho que percebi!
gosto muito dessa tua florzinha azul na tua mão!!!
é linda!
:)
beijinhos!
Jorge Esteves!
neste caso não será o mesmo?
sorrisos de volta!
dia feliz
já tive medo em várias alturas , sa.ra.
mas esse medo fez-me continuar, não me paralizou:
tive medo quando entrei em casa depois de a minha filha nascer e constatei que estava sozinha em Portugal . fechei a porta e disse para comigo que mesmo assim tinha de me virar!
tive medo algumas noites em q ouvi ruidos estranhos mas levantei-me e fui ver o que se passava
tive medo quando embarquei para Africa e larguei tudo o que cá tinha, mas adorei ter ido...
tive medo quando atravessei Angola e me disseram esta é a tua casa, agora ficas aqui seis meses no meio do mato, mas todos colaboraram comigo e nada de mal me aconteceu, só coisas lindas...
tive medo quando me vi só numa pista de aeroporto e soube que o avião só viria daí a 4 dias e pedi e perguntei e embarquei num avião militar que ia sobrevoar as zonas de guerra mas eu fui para chegar mais depressa a casa...
tive medo noutras muitas alturas, mas dei o salto sem olhar para trás. e isso fez-me passar por muitas situações e agradeço ter passado por elas. que seria eu sem isso?
Às vezes temos de fazer a diferença e dizer "Não, eu não vou por ali"...
Também me entendes. Sabes o que quero dizer.
Um beijo grande.
:)
beijo
obrigada Greentea!
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